Teto frágil

Teto frágil

Resumo

  • Preocupação fiscal: ameaça ao teto de gastos estressa o mercado doméstico;
  • De volta: S&P 500 apaga as perdas da crise e renova máxima histórica;
  • Recado de prudência: banco central dos Estados Unidos e da Zona do Euro demonstram preocupação com a recuperação econômica e incerteza;
  • Bate-bola corporativo: destaques da semana;
  • Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho.

Brasil

Teto frágil

O teto de gastos foi incluído na Constituição no final de 2016 através da PEC 241. O objetivo da medida é congelar o gasto primário real do governo por 20 anos visando estabelecer um controle fiscal e reduzir a possibilidade de um grave déficit nas contas públicas. No entanto, a chegada da pandemia do coronavírus ao Brasil trouxe à mesa a discussão sobre a possibilidade de flexibilização desse teto, uma vez que o governo teria que aumentar sua despesa para estimular a economia e oferecer proteção social.

    Principal defensor do teto de gastos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, passou por situações de desgaste nas últimas semanas, vendo, inclusive, a desintegração de parte da sua equipe com a saída de outros membros que eram a favor da austeridade fiscal.

    O risco de uma forte ampliação do gasto público e uma possível saída de Guedes causaram um estresse no mercado financeiro no decorrer dos últimos dias, com o Ibovespa passando por forte volatilidade enquanto o dólar se aproximou de máximas históricas novamente. Apesar de declarações favoráveis do presidente Bolsonaro ao teto de gastos, a situação de nervosismo dos investidores não foi amenizada.

    A importância da questão fiscal foi demonstrada no decorrer dessa semana, quando o Senado aprovou um pacote de medidas que permitia o reajuste do salário de funcionários da saúde e segurança pública. Segundo o governo, o impacto nas contas públicas seria de aproximadamente R$ 130 bilhões, o que causou um movimento entre equipe econômica e Câmara dos Deputados para que a medida não fosse efetivada, e tiveram sucesso. Após a votação que preservou o congelamento dos salários dos servidores públicos, o Ministério da Economia emitiu uma nota de agradecimento. O teto, no entanto, continua rachado e ameaçado.

    Bolsa de Valores… o Ibovespa fechou a semana no zero-a-zero, afetado pela tensão doméstica em torno da situação fiscal: +0,17% no período. O dólar continua em tendência de alta, negociado atualmente a R$ 5,61.

    Bolsas internacionais

    De volta

    Temas que movimentaram o mercado na semana: a relação entre Estados Unidos e China continua em um momento tenso e de poucas perspectivas positivas. A primeira fase do acordo comercial entre as duas potências celebrado no início do ano passaria por uma revisão seis meses depois, ou seja, no momento atual. As conversas, no entanto, não avançaram. Representantes dos dois países continuam em contato para tentar fazer as negociações chegarem a bom termo.

    Pandemia: foram reportados até o momento mais de 22 milhões de casos de coronavírus. O número de mortes superou 792 mil. Estados Unidos, Brasil e Índia continuam a liderar a lista dos países mais atingidos pelo Covid-19.

    O S&P 500 teve uma recuperação vigorosa e superou no decorrer da semana a máxima histórica estabelecida em fevereiro, logo antes da crise do coronavírus. Grande parte dessa valorização do índice americano se deve às “techs” – as gigantes do setor de tecnologia – com destaque para a Apple, primeira corporação a alcançar o patamar de US$ 2 trilhões de valor de mercado. As empresas de tecnologia compõem, atualmente, cerca de 25% do S&P 500, participação muito relevante no índice.

    Os resultados da semana foram os seguintes:

    • Índices americanos – S&P 500 teve alta de +0,72%. Dow Jones fechou com 0%;
    • Índice europeu – Euro Stoxx50 teve queda de -1,08%
    • Índices asiáticos – Nikkei 225 (Japão) caiu -1,58%. Shanghai Composite (China) teve alta de +0,61%

    Bancos centrais

    Recado de prudência

    Fed: diferentemente do mercado de ações e dos investidores, o banco central dos Estados Unidos manifestou maior preocupação com a recuperação econômica do país, a qual não deve ocorrer de forma completa em 2020, conforme avaliação do comitê de política monetária (FOMC). A constatação foi divulgada através da ata referente à última reunião do comitê, que manteve a taxa de juros entre 0 e 0,25%. No documento, o comitê também chamou a atenção para o alto grau de incerteza sobre a economia daqui para frente devido ao coronavírus e a fraca recuperação do setor privado até o momento.

    Após o resultado melhor que o esperado na última semana, os pedidos semanais de seguro-desemprego nos Estados Unidos vieram novamente acima de 1 milhão (1,10 milhão x 970 mil estimados), indicando que a melhora significativa na economia deve ocorrer em ritmo mais lento que o esperado, como destacado pelo Fed.

    BCE: na mesma linha do Fed, o Banco Central Europeu levantou o alerta de aumento no desemprego da Zona do Euro, indicador que se manteve estável mesmo em meio à pandemia devido aos benefícios dos governos europeus. Conforme o tempo avança, cresce a dúvida de que esses programas de proteção social possam ser mantidos. Além dessas medidas governamentais estarem em risco, o cenário para os pequenos e médios negócios na região é desafiador e incerto, o que pode dificultar a recolocação dos desempregados no mercado de trabalho. Em meio a essas análises do BCE, a palavra “incerteza” é uma constante. Os últimos resultados de PMI das economias europeias vieram abaixo da expectativa.

    Bate-bola corporativo

    O que foi destaque na semana?

    • O Banco do Brasil (BBAS3) anunciou na sexta passada (14/08) o início de procedimentos de governança visando a efetivação do novo presidente da Companhia, André Guilherme Brandão;
    • A Localiza (RENT3) comunicou ao mercado na última quarta (19/08) o encerramento da parceria comercial com a Hertz, empresa americana do segmento de aluguel de veículos;
    • A Sabesp (SBSP3) passará por um programa de capitalização do governo paulista segundo João Dória, governador de São Paulo, com disputa de concessões para distribuição e tratamento de água e lixo.

    Radar do mercado

    Para ficar de olho

    • Brasil

      : as discussões em torno da agenda fiscal do governo e os números do mercado de trabalho nacional são os destaques que o mercado deve monitorar na próxima semana.

    • Mundo: no decorrer da semana, dados econômicos dos Estados Unidos e conversas entre representantes americanos e chineses sobre a continuidade do acordo comercial devem atrair a atenção dos investidores no âmbito internacional.

    Sobre o autor

    Lucas Barroso

    Sempre atento a fatos relevantes e importantes que influenciam seus investimentos.

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