O Brasil e o selo de bom pagador
O Brasil e o selo de bom pagador
Resumo
Como o Brasil está fazendo o seu dever de casa para ter o nome cada vez mais “limpo na praça”.
O que é um rating soberano?
Toda pessoa que recorre a empréstimos e paga faturas possui um histórico de pagador, que é influenciado pela pontualidade desses pagamentos. Esse Score basicamente indica qual a probabilidade daquela pessoa dar um “calote”.
A mesma situação ocorre com os países, os quais emitem títulos de dívida para obterem recursos. Os investidores que compram esses papéis recebem do governo a promessa de pagamento do valor investido mais os juros. No entanto, assim como ocorre com pessoas físicas, os países podem falhar no pagamento dessas dívidas. Essa possibilidade é refletida pelo rating soberano do país.
Como funciona a avaliação?
A avaliação de crédito para países é comandada por três agências principais de rating: Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch. O propósito dessas instituições é atribuir notas a títulos emitidos por empresas e órgãos públicos para financiarem suas atividades, avaliando a chance do emissor não honrar seus pagamentos.
No caso dos governos, essas notas refletem o risco de crédito de um país, ou seja, a capacidade de honrar os pagamentos dos instrumentos de dívida. Diversas variáveis são ponderadas na determinação de um rating soberano, como desempenho fiscal e econômico, estabilidade monetária e solidez das instituições do país.
O que é “grau de investimento”?
O método de rating varia entre as agências, mas o racional é o mesmo. Notas superiores a BBB- (Standard and Poor’s), BBB- (Fitch) e Baa3 (Moody’s) são consideradas grau de investimento, o que significa que países nessa categoria apresentam baixa probabilidade de darem calote nas suas dívidas (default).
Por exemplo, títulos de dívida da Suíça são classificados como AAA/Aaa, sendo considerados inteiramente seguros do ponto de vista de risco de crédito. Já os títulos emitidos pelo governo da Argentina demonstram alto risco de default, categorizados como CCC/Caa2. Os argentinos, inclusive, já falharam no pagamento dos seus compromissos em 2001, o que levou o país a ter que reestruturar sua dívida mediante acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
No caso do Brasil, o país alcançou o nível de grau de investimento em 2008, mas perdeu em 2015 durante a recessão econômica. Atualmente, o país está com rating BB-/Ba2, ainda abaixo do grau de investimento, conforme imagem abaixo:
Quais os benefícios do “grau de investimento”?
Alguns fundos de investimentos apenas aportam recursos em determinado país se este for classificado como grau de investimento. Esse selo de bom pagador aumenta a atratividade do país para os investidores.
Qual a perspectiva do Brasil recuperar esse rating?
A agenda da atual equipe econômica tem colocado o Brasil na rota de recuperação do grau de investimento. Em dezembro de 2019, a Standard and Poor’s revisou a perspectiva do rating brasileiro de estável para positivo. A nota do país continua em BB-, mas a avaliação da agência é de que as reformas implementadas devem reduzir o déficit fiscal e estabilizar a trajetória da dívida.
Uma medida que reflete a perspectiva de melhora no rating brasileiro é o risco-país – indicador que reflete a probabilidade de um país dar calote na sua dívida com base no EMBI+ (Emerging Markets Bond Index) somado ao CDS (Credit Default Swap) – que atualmente está no mesmo nível de quando o Brasil era classificado como grau de investimento, entre 2008 e 2015.
Apesar disso, a recuperação do selo de bom pagador ainda deve demorar meses, talvez anos, pois depende da confirmação de uma consolidação fiscal e de um crescimento econômico mais forte.
Sobre o autor
Lucas Barroso
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