Portas fechadas

Portas fechadas

Resumo

  • Portas fechadas: Governo chinês realiza mudanças no setor educacional e causa prejuízos a investidores estrangeiros;
  • Sem surpresas: Fed usa tom “dovish” após última decisão e sinaliza continuidade dos estímulos;
  • Derrapando: Ibovespa fecha julho com desempenho fraco e não consegue retomar suas máximas;
  • Destaques corporativos: Semana foi marcada por diversos IPOs;
  • Radar do mercado: Temas e eventos para ficar de olho.

China

Portas fechadas

Não é de hoje que o governo chinês tem levantado restrições em alguns setores da economia local. Gigantes de tecnologia como Tecent e Alibaba têm passado por maior escrutínio regulatório. Além disso, autoridades do país fecharam o cerco a mineradores de criptomoedas, impedindo uma maior adesão da potência asiática ao Bitcoin, por exemplo.

Agora chegou a vez do setor educacional. Na China, o sucesso acadêmico dos alunos é centrado em exames intensos e com alto grau de dificuldade. Nesse contexto, a tutoria – acompanhamento pedagógico mais próximo do aluno – ganhou espaço como complemento ao ensino tradicional e ferramenta para preparar melhor o estudante chinês. Algumas empresas do país se especializaram nessa atividade, oferecendo um serviço moderno baseado em tecnologia. Daí essas companhias serem chamadas de “edutechs”.

A visão do governo chinês é de que a tutoria fomenta a desigualdade de preparo entre estudantes e ameaça o ensino público do país. Devido a isso, foram anunciadas no início da semana uma série de restrições para as edutechs, como a proibição de obter lucros na tutoria e a impossibilidade dessas companhias levantarem capital na bolsa.

As decisões do governo atingiram em cheio as empresas do setor educacional chinês já listadas em bolsa. Algumas ações se desvalorizaram mais de 70% e causaram muita dor de cabeça a investidores estrangeiros comprados nesses papéis, incluindo fundos de pensão americanos e canadenses.

Ao que tudo indica, fica a mensagem do “seu dinheiro não é bem-vindo aqui” por parte das autoridades chinesas aos estrangeiros. O XINA11, ETF que acompanha o índice de empresas chinesas de grande e médio porte, acumula queda superior a -10% no mês e retrata a desconfiança internacional com esse mercado no momento atual.

Diante das tensões renovadas com os Estados Unidos e a série de ações regulatórias que afeta diversos setores da economia e atinge o bolso de investidores estrangeiros, a China fecha as suas portas cada vez mais para o Ocidente, mesmo sendo uma economia tão pujante e principal parceira comercial de vários países.

Estados Unidos

Sem surpresas

Mais uma decisão de juros do Fed, mais do mesmo. Na última quarta (28/07), o banco central americano manteve a taxa de juros próxima de zero.

O mercado esperava, na verdade, maior clareza por parte da autoridade monetária sobre uma possível redução no ritmo de compra de ativos, mecanismo pelo qual o Fed injeta liquidez no mercado e promove estabilidade financeira em tempos de estresse. Sobre isso, a mensagem transmitida por Jerome Powell, presidente da entidade, foi de continuidade no que já tem sido feito. A percepção do Fed é de que o mercado de trabalho do país está longe do ideal e que o volume massivo de estímulos continua a ser necessário, mesmo em meio ao alerta da inflação crescente.

Powell também destacou que qualquer ação do Fed sobre os juros ou redução de compra dos ativos será sinalizada com antecedência ao mercado, ou seja, ninguém será pego de surpresa.

Os dados econômicos dos Estados Unidos no decorrer da semana deram força ao argumento do Fed, com pedidos de seguro-desemprego acima do esperado e um resultado decepcionante no PIB americano do segundo trimestre (6,5% x 8,5% expectativa). A recuperação do país ainda tem chão para percorrer.

Brasil

Derrapando

Após uma sequência de quatro meses positivos, o Ibovespa fechou julho em queda. O índice brasileiro não acompanhou a boa performance dos seus pares internacionais e caiu com mais intensidade nos dias de tensão no mercado.

As águas de julho não foram das mais calmas. Com a variante delta provocando repiques de novos casos de Covid mundo afora e a regulação chinesa mexendo no bolso de investidores estrangeiros, pregões com viés pessimista não foram raros no período.

Além disso, o ambiente doméstico não ajudou a bolsa. Apesar da retração da pandemia em termos de novos casos e mortes, o ruído político continuou a pesar no cenário nacional no decorrer do período.

E o mercado se prepara para mais aperto monetário na próxima semana, quando o COPOM se reúne para a decisão sobre a taxa de juros. Já se espera um ajuste de 100 pontos-base na SELIC, levando o indicador de 4,25% para 5,25%. Com a inflação subindo a cada mês, o ciclo de alta dos juros deve continuar por um tempo.

Destaques corporativos

Estreias agitadas

A semana foi recheada de IPOs na B3 com empresas de diversos setores, desde fibra óptica a locação de equipamentos pesados.

A Livetech da Bahia (LVTC3), empresa que atua nos segmentos de infraestrutura de fibra óptica de telecomunicações e energia solar, levantou R$ 450 milhões com a sua oferta inicial de ações. No primeiro pregão, os papéis da companhia caíram -4,7%.

A catarinense Unifique (FIQE3) também teve um início negativo na bolsa com queda de -8,14% nas suas ações. A empresa opera no segmento de telecomunicações e internet.

De um setor parecido com as duas companhias anteriores, a Brisanet (BRIT3), considerada a maior provedora independente de internet de fibra óptica, abriu as negociações dos seus papéis com leve alta de +0,07%.

Quem se destacou foi a Armac (ARML3), companhia focada na locação de retroescavadeiras e tratores, cujas ações dispararam +19% na estreia.

Melhor ainda foi o início da Traders Club (TRAD3), cujas ações subiram +30% no primeiro pregão. A companhia detém uma plataforma voltada para interação social entre investidores e conteúdos de mercado.

Radar do mercado

Para ficar de olho

  • Brasil

    : Na próxima semana tem decisão sobre a SELIC pelo COPOM com expectativa de ajuste de +1% no indicador.

  • Mundo: O Payroll é o evento mais relevante da agenda econômica internacional nos próximos dias.

Sobre o autor

Lucas Barroso

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