Resumo

• Muito forte: Payroll vem acima da expectativa pelo segundo mês seguido;
• Pintou o sete: Bacen eleva juros em +1% e sinaliza SELIC a 7% no final do ano;
• Destaques corporativos: Petrobras em paz com os acionistas, mudança de nome na VIA e aquisição da Petz;
• Radar do mercado: Temas e eventos para ficar de olho.

Estados Unidos

Muito forte

O relatório do mercado de trabalho dos Estados Unidos – famoso Payroll – mostrou uma nova aceleração no setor que é considerado o termômetro da recuperação do país. Foi o segundo mês seguido de geração de empregos positiva e acima da expectativa.

Os dados de julho apontaram para uma geração de 943 mil novos postos de trabalho (870 mil esperados), quase 11% acima do registrado em junho. A taxa de desemprego caiu para 5,4%, abaixo da expectativa de 5,7% e menor patamar desde o início da pandemia. Analistas classificaram o resultado como “muito forte”.

Agora os investidores vão monitorar os desdobramentos desse resultado na tomada de decisão do Fed. O banco central já deixou claro que a situação do mercado de trabalho não é o único, mas é o principal fator para a instituição considerar uma mudança na política monetária.

Com dois meses seguidos de Payroll acima do esperado, seria a hora do comitê do Fed aceitar que a recuperação do país está forte e reavaliar sua postura, reduzindo o grau de estímulo na economia americana? Boa parte do mercado já avalia que sim.

Brasil

Pintou o sete

Se o Payroll surpreendeu nos Estados Unidos, aqui não teve novidade inesperada. O Bacen atuou seguindo o roteiro imaginado pelo mercado e promoveu um aumento de +1% na SELIC, levando a taxa básica de juros da economia a 5,25% no maior ciclo de aperto monetário desde 2003.

No comunicado após a decisão, o COPOM citou a persistência da inflação alta e o risco fiscal como fatores preponderantes para o aumento, defendendo novamente as reformas estruturais para equilibrar as frágeis contas públicas.

Uma mudança relevante na última reunião em relação às anteriores foi a afirmação da equipe do Bacen de que, diante dos riscos do cenário atual, um ciclo monetário restritivo é mais apropriado. Mas o que isso significa?

Com três reuniões faltando até o final do ano e o COPOM sinalizando um novo aumento de +1% na próxima reunião, a SELIC deve fechar 2021 em 7%, conforme projetado no FOCUS. Esse patamar de juros está acima da taxa neutra, aquela na qual a política monetária está em equilíbrio, sem estimular ou contrair a economia. O juro neutro não é um número exato e cravado em pedra, mas acredita-se que ele esteja em torno de 6,5%.

Nesse cenário, a SELIC acima do juro neutro indica que o Bacen está praticando uma política monetária restritiva. Dessa forma, o custo do crédito aumenta e o fluxo do dinheiro na economia tende a diminuir, refletindo em uma redução na demanda de famílias e empresas. Teoricamente, isso “seguraria” a inflação, que atualmente está acima da meta do banco central. Mas nessa equação também entram risco fiscal e câmbio depreciado.

O tema dos precatórios e a possibilidade de “pedalada” no governo deteriorou a percepção dos investidores sobre as contas públicas e pressionou o dólar, que mesmo com o crescente diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, continua forte frente ao real e fechou mais uma semana de ganhos perante a moeda brasileira.

Destaques corporativos

Em paz com os acionistas

Após turbulências pela troca de comando e forte risco político, a Petrobras (PETR3, PETR4) deu alegria aos seus investidores na quinta (05/08) com a divulgação de um lucro expressivo, balanço mais saudável mediante redução da dívida e aprovação de 31,6 bilhões de reais em dividendos antecipados. Os papéis da companhia saltaram quase 10% na sessão.

A Via (VVAR3) está se preparando para mudar o ticker da sua ação a partir de 16/08. A assembleia geral extraordinária realizada nesta sexta (06/08) aprovou o novo código “VIIA3” para reforçar o posicionamento da marca para além do varejo.

A Petz S.A (PETZ3) foi às compras no seu setor e anunciou a aquisição da Zee.Dog, startup de produtos caninos. A transação foi avaliada em R$ 715 milhões.

Radar do mercado

Para ficar de olho

• Brasil

  : Na próxima semana tem resultado do IPCA de julho e ata do COPOM.

• Mundo: Será divulgada nos próximos dias a taxa de inflação americana medida pelo CPI, mais um indicador importante para a política monetária do Fed.