O último a sair…
O último a sair…
Resumo
- Adeus precoce: Substituto de Mandetta no Ministério da Saúde, Nelson Teich deixa o cargo em menos de um mês;
- Espaço para mais: COPOM sinaliza corte de juros na próxima reunião;
- Bolsa de Valores: Ibovespa fecha semana em território negativo enquanto o dólar tem valorização frente ao real;
- Alfabeto da retomada: economistas discutem se a recuperação pós-coronavírus será em U, W ou V;
- Giro econômico: pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, produção industrial chinesa e PIB da Zona do Euro;
- Bate-bola corporativo: destaques da semana;
- Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho.
Cenário nacional
Risco-Brasil
Adeus precoce… na última segunda (11/05), o presidente Bolsonaro publicou um decreto que classificava como essenciais as atividades de academias, salões de beleza e barbearia. A publicação ocorreu durante a coletiva do então Ministro da Saúde, Nelson Teich, o qual se mostrou surpreendido com o anúncio e atribuiu o decreto ao Ministério da Economia. Confuso com a informação, o ministro chegou a perguntar aos jornalistas: “Saiu hoje isso?”
O ocorrido indicou um descompasso entre Bolsonaro e Teich em relação às medidas que deveriam ser adotadas no combate à pandemia de coronavírus no Brasil. Nesta sexta (15/05), foi confirmada a demissão do Ministro da Saúde, que estava há menos de 1 mês no cargo. Teich afirma ter deixado pronto um programa de testagem, mas não discutiu os motivos da sua saída nem respondeu perguntas de jornalistas após o seu pronunciamento de despedida.
A saída de outro ministro da atual administração, seguindo os passos de Luiz Mandetta e Sérgio Moro, é mais um episódio da crescente tensão política em Brasília. Diferentemente de outros países emergentes, o risco-país do Brasil (Credit Default Swap) disparou, acumulando alta superior a 30% nos últimos 30 dias, refletindo a piora do ambiente nacional para os investidores.
Enquanto isso, a crise de saúde se agrava: são mais de 207 mil infectados e cerca de 14 mil mortos em todo o país.
Espaço para mais…na terça (12/05), foi divulgada a ata do COPOM (Comitê de Política Monetária) referente à última reunião realizada, na qual houve um corte de 0,75% na SELIC, colocando a taxa de juros brasileira em uma nova mínima histórica: 3,00%.
No comunicado, o comitê destacou que a situação atual demanda um grande estímulo monetário, sinalizando na próxima reunião mais um corte na taxa de juros, mas menor do que o ocorrido na última ocasião. Desta forma, a SELIC pode chegar a 2,75% ou 2,50% na próxima decisão, que está agendada para os dias 16 e 17/06.
Bolsa de Valores…lá fora, tensão crescente entre Estados Unidos e China e pessimismo do presidente do Fed. Aqui dentro, crise política e demissão de mais um ministro. Essa combinação contribuiu para o fechamento negativo do Ibovespa nesta semana, com queda de -3,37%. O dólar chegou a ultrapassar o patamar de R$ 5,90, mas fechou o período em R$ 5,84.
Economia global
Alfabeto da Recuperação
Tipos de retomada… economistas projetam cenários para a recuperação econômica após a superação da crise causada pelo coronavírus. Apesar da gravidade do problema atual, a situação é temporária e uma forte retomada deverá ocorrer em algum momento no futuro. Mas qual será a forma dessa recuperação?
- U… nesse cenário, espera-se que a economia passe por um período significativo de estagnação após a pior fase da recessão, para depois voltar ao pico anterior;
- W… uma das premissas desse tipo de retomada é a possibilidade de uma segunda onda de infecções da Covid-19: a economia começa a se expandir após o lockdown, mas o número de casos cresce novamente, forçando mais um período de quarentena, para depois voltar a uma recuperação sustentável.
- V… cenário mais otimista, que prevê um forte e rápido crescimento da economia após a pior fase da recessão, voltando em pouco tempo ao pico anterior.
Enquanto isso, o ritmo de contágios já começa a desacelerar na maioria dos países, no entanto, preocupações com uma segunda onda de contágios têm mantido políticos e população em alerta. Até o momento, são mais de 4,4 milhões de casos confirmados e aproximadamente 304 mil mortes em todo o mundo.
Resultados internacionais
Giro Econômico
Estados Unidos… após o triste resultado Payroll na sexta passada, os pedidos de seguro-desemprego referentes à última semana vieram novamente acima da expectativa: 2,98 milhões. Além disso, as vendas do varejo tiveram a maior queda mensal da história: -16,4% em abril. Apesar de poupar o presidente do Fed, Jerome Powell, de críticas na condução da política monetária, Trump recomendou taxas de juros negativas, como ocorre no Japão.
China… a produção industrial chinesa em abril expandiu 3,8%, acima do consenso de 1,5%, o que já demonstra os efeitos iniciais da retomada econômica no país, que foi o primeiro atingido pela Covid-19.
Europa… a leitura preliminar do Produto Interno Bruto da Zona do Euro mostrou retração de -3,8% no primeiro trimestre deste ano. No Reino Unido, a queda da economia local no período foi de -2,0%. O Banco Central da Inglaterra (BoE) indicou que mais estímulos podem ser necessários, e projeta uma contração de -14% no ano de 2020, seguida de forte recuperação em 2021.
Bate-bola corporativo
O que foi destaque na semana?
- A JBS (JBSS3) anunciou na última segunda (11/05) que doará R$ 700 milhões para o enfrentamento do Covid-19. O recurso será direcionado para três frentes: saúde pública, assistência social e apoio à ciência e tecnologia.
- A Investimentos Itaú S.A (ITSA3; ITSA4) reportou na última segunda (11/05) o aumento de participação no capital social da companhia Alpargatas S.A (ALPA3; ALPA4) de 0,31% para 29,19%. A operação foi avaliada em R$ 40,7 milhões.
- A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou na última quinta (14/05) o desempenho da companhia no primeiro trimestre de 2020, com prejuízo de -R$ 48,5 bilhões em decorrência da crise no mercado de petróleo que marcou o período.
Radar do mercado
Para ficar de olho
- Brasil: O foco continua sendo Brasília. Após a demissão de mais um ministro, o governo Bolsonaro deve escolher uma nova pessoa para conduzir o combate ao coronavírus na frente sanitária. O cenário político continua conturbado e aumenta a percepção de risco do país para investidores.
- Mundo: resultados do setor imobiliário americano e índices de atividade na Europa estão no radar dos investidores. A principal preocupação, no entanto, é a possível escalada na tensão entre Estados Unidos e China, que ocorre em um momento crucial de combate a um problema global.
Sobre o autor
Lucas Barroso
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