O dragão voltou
O dragão voltou
Resumo
- O voo do dragão: China registra crescimento recorde no primeiro trimestre de 2021;
- Temporada de balanços: Bancos abrem o período de resultados corporativos americanos com lucros acima do esperado;
- A novela do Orçamento e a volta dos que não foram: Mais ruídos no ambiente político nacional com disputa sobre o Orçamento e CPI da Pandemia;
- Destaques corporativos: Ações que tiveram movimentos atípicos na semana e clima de fim de festa para os IPOs;
- Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho.
China
O voo do dragão
Única economia a não contrair em 2020, a China mostrou seu status de potência ao registrar um crescimento de +18,3% no primeiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado, levemente abaixo do consenso de mercado: +19%.
O dado é um recorde histórico para os chineses e reflete um forte crescimento no consumo das famílias, que voltaram com bastante apetite às compras após um longo período de controle rígido, testes frequentes e quarentenas restritas que só um governo com a concentração de poder como o da China consegue impor.
Na base trimestral, a expansão foi de +0,6% (expectativa de +1,5%). O Partido Comunista do país, responsável pelo planejamento e metas da economia, já estabeleceu um patamar modesto de crescimento do PIB para 2021 (+6,0%) devido à algumas mudanças estruturais de longo prazo que as autoridades da China esperam estabelecer, entre elas, a redução do endividamento (desalavancagem) das empresas do país.
Estados Unidos
Temporada de balanços
Começou a temporada de divulgação dos balanços referentes ao primeiro trimestre nos Estados Unidos. Nessa semana foi a vez do setor bancário, com três gigantes que chegaram “chutando a porta” com lucros bem acima do esperado pelos investidores: JP Morgan (BDR JPMC34), Goldman Sachs (BDR GSGI34) e Wells Fargo (BDR WFCO34).
Os resultados refletem uma mudança de cenário após os piores dias da pandemia. Com a redução da incerteza no horizonte, os bancos puderam se envolver em mais de negócios de fusões e aquisições além de diminuir a aversão ao risco na concessão de crédito. A mensagem para o mercado foi de que a economia americana continua dando sinais de forte recuperação.
A agenda econômica também trouxe boas notícias nesse sentido, com forte alta nas vendas do varejo e pedidos de seguro-desemprego abaixo da estimativa.
Na esteira dos bons resultados econômicos e corporativos, os principais índices do país fecharam nas máximas históricas.
Brasil
A novela do orçamento e a volta dos que não foram
Após mais uma semana, a novela da aprovação do orçamento de 2021 segue sem novidades. De um lado, o Ministério da Economia advoga pela revogação total do orçamento para não ferir o teto de gastos e incorrer em crimes de responsabilidade fiscal; do outro, o “centrão” argumenta que caso as emendas parlamentares (que seriam utilizadas para realizar obras nos estados de cada um dos congressistas) não sejam aprovadas, ele removerá seu apoio ao governo federal.
Além do imbróglio do orçamento, a semana contou também com a aprovação da instauração da CPI do Covid-19, para averiguar se houve negligência do governo federal com o gerenciamento da pandemia e o STF inocentou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-o elegível em 2022, o que pode causar inquietação nos mercados.
Depois da tempestade, um sopro de esperança: Foram divulgados nesta semana os dados de vendas ao varejo e do crescimento do setor de serviços do mês de fevereiro, ambos melhores do que as expectativas do mercado. Apesar de uma retração de -3,8% no mês, a expectativa para o índice de vendas ao varejo era que houvesse uma retração de -3,9%. Já os dados de crescimento do setor de serviços, o mais impactado pela pandemia, surpreenderam bastante, apresentando um crescimento de 3,7%, contra uma expectativa de 1,5%, sinalizando um possível início de retomada econômica.
Destaques corporativos
Com que roupa eu vou?
As ações da varejista de roupas Hering (HGTX3) dispararam após a divulgação na quarta-feira de uma oferta de aquisição realizada pela Arezzo (ARZZ3) no valor de R$3,2 bilhões, enquanto a empresa negociava a um valor de mercado de cerca de R$2,8 bi. De acordo com fontes próximas à companhia, o principal motivo para rechaçar a proposta da Arezzo teria sido o valuation depreciado, em um momento em que o varejo de moda sofre com os efeitos da pandemia. As ações da Hering subiram mais de 28% no pregão seguinte ao anúncio da proposta.
Incorporadoras – construindo resultados melhores: O mercado reagiu positivamente às prévias operacionais das incorporadoras, destacando os resultados de MRV (MRVE3) e Direcional (DIRR3). A MRV teve seu maior período de lançamentos da história, somando mais de R$1,7 bilhões no último trimestre de 2020, aumento de 58% em relação ao mesmo período do ano anterior. A Direcional também bateu seu recorde de vendas no primeiro trimestre, totalizando R$515 milhões, salto de 73% em relação ao primeiro tri de 2020. A divulgação das prévias fez com que as ações das companhias subissem.
Magalu também é geek: A Magazine Luiza anunciou nesta semana a aquisição da produtora de conteúdo responsável pelo Jovem Nerd, por um valor não divulgado. A produtora conta com mais de 5,5 milhões de inscritos no seu canal de YouTube, além de ser referência na produção de podcasts, tendo o Nerdcast sido o primeiro podcast no brasil a superar mais de um bilhão de downloads. A aquisição reforça o posicionamento da Magalu voltado a consolidar seu Superapp e trazer ainda mais tráfego para seu e-commerce e ampliar a relevância do Magalu Ads, sua plataforma de anúncios.
A festa acabou? Recentemente o Brasil vem vivenciando um grande número de IPOs, as ofertas primárias de ações de empresas realizadas na bolsa de valores. Se inicialmente as companhias pareciam negociar a preços cada vez maiores, fazendo parecer que nenhum valor seria alto demais, de algumas semanas para cá parece que o investidor está ficando cada vez mais seletivo. Um dos sinais desta maior seletividade pode ser visto no adiamento de ofertas, caso da LG informática, ou ainda mais notório da Havan, varejista do controverso empresário Luciano Hang.
Porém nem todos os controladores escolhem esperar, tendo de se adequar às taxas de desconto cada vez maiores exigidas pelos investidores. Foi esse o caso da Blau Farmacêutica (BLAU3), que nesta semana estreou na bolsa pelo valor de R$40,14 por ação, valor 10% abaixo do piso da faixa indicativa que havia sido determinada pela companhia. Pode ainda não ser o fim da estreia de novas empresas na bolsa, mas a farra do crédito barato via oferta de ações parece certamente estar chegando ao fim.
Radar do mercado
Para ficar de olho
Brasil
: Divulgação do IBC-Br na segunda-feira (19/04) e IPO de GPS Participações (GGPS3) e Hospital Care Caledonia (HCAR3) na sexta-feira (23/04).
- Mundo: Na próxima semana, o Banco Central Europeu realizará a decisão de taxa de juros para a Zona do Euro. Além disso, números de PMI da Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos são destaques da agenda econômica.
Sobre o autor
Lucas Barroso
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