Nervos à flor da pele

Nervos à flor da pele

Resumo

  • A volta do lockdown: aumento de casos na Europa obrigam governos a impor quarentenas novamente;
  • Dias decisivos: Estados Unidos se preparam para conhecer o próximo presidente;
  • Um olho no fiscal, outro na inflação: COPOM mantém SELIC em 2%, mas destaca riscos que podem causar aumento na taxa de juros;
  • Bate-bola corporativo: destaques da semana;
  • Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho.

Covid-19 na Europa

A volta do lockdown

O avanço do coronavírus na Europa continua em ritmo acelerado, causando um forte aumento no número de novas infecções e fazendo com que a região contenha quase metade dos casos globais no momento. As razões para a volta tão expressiva do vírus ainda não estão claras, mas os governos europeus já estão implementando medidas para conter a segunda onda e evitar a sobrecarga dos sistemas de saúde, o que inclui quarentenas regionais e toques de recolher.

Ansiedade nos mercados: com a volta de medidas mais restritivas, os mercados financeiros europeus tiveram forte queda no decorrer da semana, refletindo a preocupação dos investidores com o estado da recuperação econômica em meio às novas medidas de lockdown na região:

  • Alemanha: o índice DAX, que representa o mercado alemão, caiu -8,61% na semana. O país vai impor quarentenas emergenciais;
  • França: o CAC 40, índice francês, fechou a semana com queda de -6,42%. O país terá uma lockdown nacional que deve durar quatro semanas;
  • Espanha: o IBEX 35 afundou -6,40% no período. Toques de recolher e medidas restritivas foram adotadas no país.

Coronavírus no mundo: até o momento, foram contabilizados mais de 45 milhões de casos e 1,18 milhões óbitos por Covid-19.

Resposta monetária: na quinta (29/10), já ciente dos problemas que podem surgir a partir das quarentenas estabelecidas nas principais economias (França e Alemanha), o Banco Central Europeu (ECB) manteve a taxa de juros em 0% e avisou que dará todo o apoio necessário à Zona do Euro: “o ECB estava lá na primeira onda e também estará na segunda”, declarou a presidenta do banco central. A perspectiva da instituição é aguardar a evolução da pandemia no decorrer de novembro para avaliar medidas monetárias mais drásticas em dezembro.

Estados Unidos

Dias decisivos

Dados positivos: em uma semana marcada por incertezas e aversão ao risco, resultados importantes da economia americana foram positivos:

  • Produto Interno Bruto (PIB): os Estados Unidos tiveram uma expansão recorde de +33,1% no terceiro trimestre (base anual) após sofrer um tombo de -31,4% no trimestre anterior. O resultado veio acima do esperado (+31%), com destaque para o consumo das famílias;
  • Pedidos de seguro-desemprego: os 751 mil pedidos registrados na última semana ainda são muito elevados em relação à média histórica do indicador, mas vieram abaixo da expectativa de 775 mil pedidos.

Além dos resultados gerais da economia, os resultados corporativos de grandes empresas do setor de tecnologia foram acima da expectativa: a Amazon (BDR: AMZO34) reportou uma alta de +200% no lucro trimestral (base anual), a Alphabet (BDR: GOGL34), controladora do Google, bateu as estimativas de receita e o Facebook (BDR: FBOK34) teve crescimento de +22% em vendas publicitárias.

Eleições às portas: o pleito para decidir o próximo presidente dos Estados Unidos ocorre já na próxima semana (03/11) e tem causado apreensão nos investidores, apesar de não existir uma preferência clara de Wall Street por um dos dois candidatos. Pesquisas preliminares indicam vantagem do democrata Joe Biden, mas a situação era a mesma quando Trump foi eleito em 2016, surpreendendo a adversária Hillary Clinton que liderava as intenções de voto.

A imprevisibilidade do resultado tem mexido com o mercado:

  • S&P 500: o principal índice do mercado acionário americano teve queda de -5,64% na semana;
  • Dow Jones: o índice das 30 maiores companhias listadas em bolsa nos Estados Unidos caiu -6,47% no período;
  • Nasdaq: o índice das empresas de tecnologia do país teve queda de -5,51% na semana.

Brasil

Um olho no fiscal, outro na inflação

O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central decidiu, de forma unânime, manter a taxa básica de juros no atual patamar de 2%. No comunicado de imprensa divulgado após a decisão, o comitê destacou dois pontos relevantes para a condução da política monetária:

  • Inflação: as últimas leituras dos índices de preços foram acima do esperado. Algumas razões para isso são: depreciação cambial, aumento do preço do petróleo e os programas de transferência de renda devido à pandemia. Apesar da pressão inflacionária do momento, o comitê acredita que esse choque é temporário;
  • Cenário fiscal: considerado o risco mais relevante no momento, a situação fiscal brasileira têm se deteriorado com os gastos para estimular a economia e a falta de avanço nas reformas estruturais, segundo o COPOM. Em caso de maior agravamento do quadro fiscal do país, a perspectiva do comitê é de que a taxa de juros pode subir no futuro próximo.

A bolsa brasileira não escapou do stress que dominou os mercados internacionais e teve forte queda na semana:

  • Ibovespa: o índice brasileiro caiu -7,22% no período, fechando a 93.952 pontos. Foi a pior semana do Ibovespa desde março e o terceiro mês consecutivo em território negativo;
  • Dólar: com a aversão ao risco por parte dos investidores e o peso da incerteza fiscal, o dólar continuou a ganhar força frente ao real e fechou a semana em R$ 5,74. O Banco Central realizou intervenções para conter a escalada da divisa americana.

Mercado de trabalho: o Brasil registrou uma taxa de desemprego de 14,4% entre os meses de junho e agosto. Apesar do resultado negativo, dados mais recentes indicam o início de uma retomada do trabalho formal, com a geração de 313,5 mil novos empregos no mês de setembro, acima da expectativa de + 212,9 mil vagas. O destaque ficou para a indústria e serviços, setores que têm demonstrado mais força com a volta da atividade econômica.

Bate-bola corporativo

O que foi destaque na semana?

  • O Banco do Brasil S.A (BBSA3) informou na quarta (28/10) que obteve a classificação de “excelência” em uma avaliação conduzida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para empresas estatais;
  • A Rumo S.A (RAIL3) relatou na quarta (28/10) a aprovação de um Programa de Recompra de Ações, que terá vigência até abril de 2022;
  • A Via Varejo S.A (VVAR3) reportou na quinta (29/10) a aquisição da I9XP, empresa focada em desenvolvimento de soluções para e-commerce;
  • A CEMIG S.A (CMIG3) informou na quinta (29/10) que a agência de classificação de risco Fitch elevou o rating da companhia de A+ para AA- em escala nacional.

Radar do mercado

Para ficar de olho

  • Brasil

    : Após uma semana tensa no mercado nacional, os investidores estarão atentos aos números do setor industrial e de inflação, além de mais resultados corporativos referentes ao terceiro trimestre deste ano.

  • Mundo: No cenário internacional, a semana terá diversos eventos que podem causar forte volatilidade no mercado, dentre eles: eleição presidencial nos Estados Unidos, decisão de taxa de juros do Fed e Payroll.

Sobre o autor

Lucas Barroso

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