Luz no fim do túnel

Luz no fim do túnel

Resumo

  • Sinais positivos: cidade de Wuhan, local de início do surto na China, volta às atividades e novas infecções por coronavírus desaceleram na Europa;
  • Abaixo do esperado: muito antecipada pelos investidores, a reunião da OPEP com a Rússia termina com corte de produção abaixo do esperado;
  • Bancos centrais: Fed e Banco Central Europeu divulgam comunicados com sintonia no discurso adotado;
  • Estados Unidos: Trump ataca a OMS, corrida presidencial tem novidades e pedidos de seguro-desemprego continuam batendo recordes;
  • Limite para os bancos: CMN veda a distribuição de dividendos e aumento na remuneração de executivos de instituições financeiras durante a crise;
  • Economia brasileira: vendas do varejo em fevereiro, inflação de março e expectativas do FOCUS;
  • Respirando: em semana mais curta, Ibovespa sobe acompanhando as bolsas mundo afora;
  • Bate-bola corporativo: destaques da semana.

Coronavírus

Esperança

Sinais positivos… Após mais de dois meses de confinamento, Wuhan, cidade chinesa onde o surto de Covid-19 teve início, voltou a funcionar sem restrições de circulação de pessoas. Os habitantes voltaram às suas atividades com diversas medidas de precaução, incluindo o uso de máscaras. O evento representa uma mensagem de esperança, mostrando a possibilidade de superação da pandemia. 

Outra boa notícia foi a desaceleração do número de novos casos na Europa, principalmente na Itália e na Espanha, países que mais tem sofrido com o coronavírus. As bolsas internacionais reagiram de forma positiva e fecharam a semana em alta.  

Nesta semana, o número de casos confirmados ao redor do mundo alcançou 1,5 milhões e cerca de 90.000 mortes. O Brasil tem mais de 940 óbitos e aproximadamente 17.800 infectados.

Cenário internacional

Desdobramentos mundo afora

Abaixo do esperado… A semana só não foi melhor para os mercados porque a reunião da OPEP+ na quinta (09/04) não terminou como esperado. O anúncio do corte de 10 milhões de barris por dia desanimou investidores e analistas, que esperavam uma redução ainda maior para equilibrar a oferta da commodity com a baixa demanda.

Bancos Centrais No dia 08/04 foi divulgada a ata do Fed referente à reunião realizada no dia 15/03. O comitê de política monetária sinalizou no comunicado que a taxa de juros deverá ser mantida no patamar de 0% enquanto a crise durar. O objetivo é possibilitar um ambiente de estímulo suficiente para a recuperação da economia americana no futuro.

No dia seguinte, o Banco Central Europeu divulgou a ata da reunião de 18/03. Na mesma linha do Fed, o órgão monetário da Zona do Euro destacou que o suporte financeiro beneficiará famílias, empresas, bancos e governos nesse difícil cenário. Além disso, o comunicado reforça a necessidade de estímulo fiscal em conjunto com as propostas anunciadas.  

Estados Unidos… Durante a semana, o presidente Donald Trump criticou a Organização Mundial de Saúde (OMS), afirmando que a instituição tem sido favorável à China desde o início da pandemia. O mandatário americano ameaçou cortar o financiamento que os Estados Unidos oferece à OMS, o que corresponde à 14% do orçamento do órgão internacional.

Ainda na cena política americana, um dos candidatos na corrida democrata para a eleição presidencial, Bernie Sanders, desistiu da corrida e abriu espaço para Joe Biden se firmar como adversário de Trump em novembro.

Após bater recorde nas últimas duas semanas, os novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados se tornaram um dos dados mais observados por investidores. O resultado referente à semana de 29/03 a 01/04 foi de 6,6 milhões de pedidos, acima do esperado de 5 milhões. Na soma das últimas três semanas, já são quase de 17 milhões de americanos saindo do mercado de trabalho durante a crise do coronavírus.

Cenário doméstico

Impondo limites

Determinação para os bancos… O CMN (Conselho Monetário Nacional), órgão regulador do Sistema Financeiro Nacional, vedou de forma temporária a distribuição de dividendos acima do mínimo legal pelos bancos. Além disso, a instituição também suspendeu o aumento na remuneração de executivos dessas empresas durante a crise atual. A recomendação foi feita pelo Banco Central com o objetivo de impedir o consumo de recursos importantes para o mercado de crédito.

Economia brasileira… As vendas do varejo brasileiro em fevereiro surpreenderam de forma positiva, mostrando expansão de 1,2% enquanto a expectativa era de queda no indicador. Apesar da boa notícia, o dado ainda não reflete o efeito da paralisação da economia em função do coronavírus.

A variação anual do IPCA em março foi de 3,30%, abaixo da expectativa de 3,43%. A inflação mais fraca foi influenciada, principalmente, pela queda nos componentes do grupo de Transportes, no caso, passagens aéreas (-16,75%) e combustível (-1,88%).

O relatório FOCUS mostrou um pessimismo ainda maior pelos participantes de mercado para o PIB neste ano: -1,18%, abaixo do resultado de -0,48% da semana passada. Enquanto isso, a taxa de juros também foi revisada para baixo: 3,25% no final de 2020, indicando que os agentes econômicos esperam mais cortes na SELIC pelo Banco Central. Já a agência de classificação de risco S&P revisou a perspectiva do Brasil de “positiva” para “estável”. O motivo é o aumento dos gastos públicos para conter os efeitos do coronavírus, o que compromete o perfil fiscal do país no curto prazo. 

Respirando… Em semana mais curta por causa do feriado de sexta (10/04), o Ibovespa subiu acompanhando as bolsas internacionais. A frustração com o resultado da reunião da OPEP+ na quinta (09/04) não foi suficiente para tirar o ganho da bolsa brasileira na semana, cujo resultado foi de +11,71%, em 77.682 pontos. O dólar perdeu força frente ao real e fechou o período em R$ 5,09.

Bate-bola corporativo

O que foi destaque na semana?

  • A BRF S.A. (BRFS3) anunciou na segunda (06/04) que a planta localizada em Dourados (MT), com capacidade de abate de 130 mil aves/dia, foi autorizada a exportar novamente para a China.
  • A Petrobras (PETR3; PETR4) informou na terça (07/04) que a agência de rating S&P revisou a perspectiva global da companhia de “positiva” para “estável”, acompanhando a alteração da perspectiva de risco soberano.
  • O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou na terça (07/04) a limitação dos dividendos a 25% do lucro líquido ajustado, em conformidade com a determinação do Conselho Monetário Nacional.

Sobre o autor

Lucas Barroso

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