Houston, temos um problema
Houston, temos um problema
Resumo
- Escalada na tensão: Estados Unidos determina fechamento de consulado chinês e Pequim responde na mesma moeda;
- Acordo histórico: Líderes europeus aprovam o histórico pacote de estímulo para a região;
- Economia e mercados: Com tensão mundial e dados econômicos americanos abaixo da expectativa, bolsas internacionais fecham a semana no vermelho;
- Dito e feito: conforme prometido, Guedes envia primeira parte proposta de reforma tributária ao Congresso e alguns pontos geram discussão;
- Bate-bola corporativo: destaques da semana;
- Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho.
Guerra Fria 2.0
Escalada na tensão
Ela estava um pouco ausente do noticiário, mas a tensa relação entre China e Estados Unidos voltou a ser destaque na agenda global. Na quarta (22/07), o governo americano determinou o fechamento de um consulado chinês baseado na cidade de Houston. A medida foi motivada pela suspeita de roubo de propriedade intelectual e segredos comerciais do setor elétrico da região, levando à prisão de dois cidadãos chineses. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, subiu o tom e afirmou que o consulado era um centro de espionagem e que o regime chinês é uma tirania.
O governo chinês respondeu da mesma forma e determinou nesta sexta (24/07) o fechamento de um consulado americano na cidade de Chengdu.
Os próximos passos que serão tomados pelas potências ainda são incertos e causam preocupação no mundo, pois o contexto atual de pandemia já fragiliza a estabilidade global, situação que pode ser agravada por novas tensões entre Estados Unidos e China.
União Européia
Acordo histórico
Diferentemente de americanos e chineses, líderes europeus chegaram a um consenso e aprovaram a liberação de um pacote de estímulo bilionário para países da União Européia. O evento foi classificado como histórico e demonstra que o bloco europeu, colocado em xeque após a saída do Reino Unido em 2019, continua firme.
O estímulo aprovado totaliza 750 bilhões de euros e será direcionado para os 27 países que integram a União Européia, tendo como objetivo reparar os danos econômicos causados pela pandemia de coronavírus. A estimativa é de que os recursos cheguem de fato à economia real durante o segundo semestre de 2021.
Economia, mercados e pandemia
Mercados em ressaca
Após semanas de alta devido à perspectiva de recuperação econômica e possibilidade de uma vacina até o final do ano, as bolsas internacionais fecharam a semana em território negativo. A tensão entre Estados Unidos e China não foi o único motivo para esse movimento.
Nos Estados Unidos, os pedidos semanais de seguro-desemprego vieram novamente acima do esperado: 1,42 milhão contra uma estimativa de 1,3 milhão. Outros resultados como a venda de casas usadas, estoques de petróleo bruto e o PMI industrial do país também vieram com viés negativo.
Os principais índices tiveram os seguintes resultados na semana:
- Índices americanos – S&P 500 teve queda de -0,28%. Dow Jones caiu -0,76%
- Índice europeu – Euro Stoxx50 teve queda de -1,63%
- Índices asiáticos – Nikkei 225 (Japão) subiu +0,24%. Shanghai Composite (China) teve queda de -0,54%
Números da pandemia: o mundo bateu a marca de 15,5 milhões de casos confirmados, com mais de 634 mil mortes. Estados Unidos, Brasil e Índia continuam sendo os países mais atingidos no momento, enquanto o aumento de casos na Rússia e na África do Sul preocupa especialistas.
Brasil
Dito e feito
Conforme prometido na semana anterior, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, enviou ao Congresso a primeira parte da proposta de reforma do sistema tributário nacional. O texto prevê a unificação dos tributos PIS (Programa de Integração Social) e COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) sob o nome de CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) com alíquota entre 11% e 12%.
- Quem gostou: o segmento industrial, que poderá realizar a dedução do tributo durante as fases de produção.
- Quem não gostou: o setor de serviços, que deve experimentar um aumento na carga tributária efetiva.
Mais adiante, o governo deve enviar mais propostas de alteração no sistema tributário, com mudanças no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), Imposto de Renda e possibilidade de taxação sobre dividendos. Além disso, a equipe econômica estuda incluir no escopo da reforma a tributação sobre pagamentos eletrônicos, ideia que desfruta de pouco apoio. Segundo o governo, no entanto, esse imposto daria a possibilidade de desonerar a folha salarial, desejo antigo dos empresários.
Bolsa de Valores… em linha com os mercados internacionais, o Ibovespa caiu -0,49,% na semana, fechando o período em 102.382 pontos. Com forte queda após a entrega da proposta de reforma tributária pelo governo, o dólar encerrou a semana cotado a R$ 5,20.
Bate-bola corporativo
O que foi destaque na semana?
- A Telefônica Brasil S.A (VIVT3; VIVT4) e a Tim Participações S.A (TIMP3) informaram no início da semana que estão negociando a compra do segmento móvel do Grupo Oi S.A (OIBR3; OIBR4);
- Após ofício enviado pela CVM, a Via Varejo S.A (VVAR3) relatou que os tweets de segunda (20/07) contendo dados operacionais da Companhia foram publicados de forma indevida;
- A Petrobras S.A (PETR3; PETR4) anunciou na quarta (22/07) o pagamento de dividendos no valor de R$ 1,7 bilhão para ações ordinárias e R$ 2,5 bilhões para ações preferenciais com base no resultado de 2019.
Radar do mercado
Para ficar de olho
Brasil
: O dado mais importante da próxima semana é a taxa de desemprego entre os meses de abril e junho, que pode demonstrar os primeiros sinais de recuperação econômica após a fase mais aguda da crise causada pela pandemia.
- Mundo: Diversos resultados da Zona do Euro e da China serão divulgados na próxima semana, no entanto, o destaque da agenda é a decisão de taxa de juros pelo Fed, o banco central americano. A expectativa é de que o indicador continue no atual patamar, mas o evento é sempre observado com muita atenção pelos investidores.
Sobre o autor
Lucas Barroso
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