Dinheiro de helicóptero
Dinheiro de helicóptero
Resumo
- Injeção de liquidez: Governos e bancos centrais utilizam o arsenal disponível para combater os efeitos econômicos da pandemia;
- Alta volatilidade: Novamente a semana foi marcada por forte queda nas bolsas internacionais;
- Covid-19 implacável e já faz avanço mais de 10.000 vítimas ao redor do mundo;
- Desentendimento diplomático: Trump classifica o Covid-19 como “vírus chinês” e provoca mal-estar na relação com a China;
- Menos juros e mais gasto público: COPOM corta juros e Congresso aprova estado de calamidade pública no Brasil;
- Bate-bola corporativo: destaques da semana.
Cenário internacional
Quem que dinheiro?
Injeção de liquidez… Governos e bancos centrais não têm medido esforços para lutar contra as consequências do Covid-19. Possíveis efeitos incluem alta do desemprego, aumento de falência de empresas e deterioração da expectativa dos agentes econômicos.
Para combater esse cenário, os bancos centrais tem utilizado todo o arsenal disponível. As instituições monetárias de vários países têm realizado cortes nos juros e injetado dinheiro no sistema financeiro para evitar instabilidades.
Do lado fiscal, governos buscam viabilizar pacotes de ajuda financeira a pessoas e empresas. Nos Estados Unidos, por exemplo, o presidente Trump anunciou um programa de envio de recursos financeiros aos cidadãos americanos que pode chegar a US$ 1 trilhão. O conjunto dessas medidas lembra a imagem de um “helicóptero de dinheiro” dado o volume de recursos “derramado” sobre a economia.
Alta volatilidade… as bolsas internacionais tiveram mais uma semana alternando fortes quedas e pequenas altas. Os mercados têm reagido de forma relativamente positiva aos estímulos anunciados por governos e bancos centrais para combater os efeitos econômicos da pandemia, mas refletem também a preocupação por parte dos investidores com as notícias de avanço da doença e aumento do número de mortos e infectados.
Coronavírus
Implacável
Covid-19… A pandemia de coronavírus continua implacável no seu avanço, tendo alcançado a marca de 10.000 mortes nesta semana. Já existe uma corrida para preparar a vacina para o Covid-19, no entanto, especialistas estimam que ela só ficaria pronta em 12 meses. Enquanto isso, a maioria dos países tem adotados fortes medidas para impedir a proliferação do vírus, incluindo quarentenas e fechamento de fronteiras.
Tragédia italiana e alento chinês… Nos últimos dias, o número de mortes na Itália superou os óbitos ocorridos na China, epicentro do Covid-19. O país europeu tem uma grande parcela da população composta por idosos, que é um grupo vulnerável no enfrentamento dessa doença. O número de casos confirmados na Europa já é maior que no território chinês.
A constatação de que não ocorreram transmissões entre chineses pela primeira vez desde o início da pandemia representa um pequeno alívio na situação atual. No entanto, a China ainda terá de lidar com o desafio de não só controlar completamente o Covid-19 em território nacional, mas também de controlar o fluxo de nativos que voltarão ao país vindo de regiões afetadas pelo coronavírus.
Estados Unidos x China
O embate continua
Desentendimento diplomático… Discutindo a situação do coronavírus em solo americano, o presidente Trump classificou o Covid-19 como “vírus chinês”. A declaração foi considerada ofensiva por autoridades chinesas e reacendeu a tensão entre Estados Unidos e China, uma constante desde que Trump assumiu o poder.
A guerra comercial, inclusive, pode ter desdobramentos negativos no atual cenário de pandemia. Durante as negociações que ocorreram no ano passado, o governo americano impôs tarifas sobre diversos produtos médicos de origem chinesa.
Apesar de anunciar uma suspensão temporária dessa medida protecionista durante o combate ao coronavírus, nem todos os remédios e produtos médicos da China foram incluídos. Isso pode afetar parte do atendimento aos infectados nos Estados Unidos, mostrando que a falta de coordenação global no atual panorama diminui a efetividade da luta contra a pandemia.
Cenário doméstico
Combate à crise
Menos juros… O COPOM (Comitê de Política Monetária) havia anunciado o encerramento do ciclo do corte de juros antes do Covid-19 atingir o Brasil. Hoje o cenário é outro, e acompanhando o movimento de outros bancos centrais, a decisão do dia 18/03 foi de reduzir a SELIC em 0,5%, deixando a taxa de juros em 3,75%, nova mínima histórica.
O comunicado destacou o fato de que o coronavírus tem causado desaceleração global, queda nos preços das commodities e aumento na volatilidade do preço de ativos. No documento, o Banco Central também destaca que utilizará seu arsenal de políticas monetárias para combater a crise atual. Não há pistas sobre novos cortes nas próximas reuniões, mas o mercado já projeta mais reduções na SELIC.
Mais gasto… A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta (18/03) o decreto de estado de calamidade pública no Brasil. O texto ainda passará pelo Senado. Esse decreto é importante na atual conjuntura porque permite ao governo descumprir a meta fiscal, tendo a possibilidade de elevar o gasto público visando conter a crise causada pelo Covid-19. No país já foram confirmados mais de 700 casos e 11 mortes.
Crescimento próximo de 0%… O governo revisou nesta sexta (20/03) a expansão projetada para o PIB em 2020. A estimativa, que era de 2,1%, foi reduzida para 0,02% em função das consequências do coronavírus na economia doméstica.
Relação abalada… O deputado federal Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do presidente brasileiro, seguiu os passos de Donald Trump e postou um tweet no qual atribui a culpa da pandemia à China. A embaixada do país asiático emitiu uma nota repudiando o post do deputado e exigindo retratação. O evento causou mal-estar entre representantes de ambos os países e pode provocar um descompasso na relação do Brasil com o seu principal parceiro comercial.
Bate-bola corporativo
O que foi destaque na semana?
- A Magazine Luiza (MGLU3) divulgou na terça (17/03) que o projeto piloto baseado na parceria com o Carrefour (CRFB3) iniciado em maio de 2019 será encerrado no final desse mês. Segundo o comunicado, o modelo de negócio não atendeu às necessidades das duas empresas;
- A Petrobras (PETR3, PETR4) anunciou na última quinta (19/03) a redução no preço dos combustíveis, sendo -7,5% para diesel e -12% para gasolina. O movimento se deve à queda no preço internacional do petróleo, motivado pela disputa entre Arábia e Rússia;
- Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTA3) anunciaram o fechamento dos shopping centers por tempo indeterminado em cumprimento às determinações de governos e prefeituras visando impedir a proliferação do coronavírus em território nacional.
Sobre o autor
Lucas Barroso
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