Resumo

• Mais um

  : após troca no Ministério da Saúde, Sérgio Moro anuncia saída do governo;

• Reação no mercado: bolsa brasileira tem forte queda e dólar renova máxima histórica;
• Situação atual: pandemia de coronavírus atinge mais de 2,7 milhões de pessoas ao redor do mundo, mas alguns países começam a flexibilizar a quarentena;
• Abaixo de zero: contratos de petróleo atingem valores negativos na semana, mas tweets de Trump contribuem para recuperação do valor do barril;
• Sintomas: números das economias americana e europeia mostram forte retração causada pela crise de coronavírus;
• Bate-bola corporativo: destaques da semana;
• Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho nos próximos dias.

Turbulência nacional

Novo divórcio

Mais um… depois da exoneração do agora ex-Ministro da Saúde Luiz Mandetta na última semana, Sérgio Moro anunciou nesta sexta (24/04) a sua saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública. De acordo com Moro, divergências entre ele e Bolsonaro aconteciam há algum tempo, com tentativas de interferência na pasta da justiça por parte do presidente. O estopim foi a demissão do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, que teria ocorrido sem o aval de Sérgio Moro.

A saída de Moro pode representar um duro golpe na popularidade de Bolsonaro, uma vez que o ex-ministro era uma espécie de “bandeira de combate à corrupção”. Foi a segunda saída de um integrante importante da atual administração em duas semanas, tudo isso em um cenário de combate à uma grave pandemia e, dessa vez, longe de ser um “divórcio consensual” como no caso de Mandetta.

Os holofotes se voltam agora para Paulo Guedes, mais fragilizado após o anúncio do Plano Pró-Brasil – pacote de estímulo fiscal voltado para a infraestrutura – sem a presença do Ministro da Economia, fator que mostra a tendência de enfraquecimento dos integrantes do governo em contraste com a figura de Bolsonaro.

Reação no mercado… o Ibovespa fechou o pregão desta sexta (24/04) com queda de -5,45%, tendo flertado com o Circuit Breaker no decorrer do dia ao cair -9,5% intraday. O resultado acumulado da semana foi de -4,63%.

Com o aumento da incerteza no cenário político e aversão ao risco local pelos investidores, o dólar fechou em nova máxima histórica: R$ 5,65.

Coronavírus

Primeiros passos

Situação atual… a pandemia de Covid-19 tem desacelerado ao redor do mundo, mas novos casos continuam a surgir: são mais de 2,7 milhões de infectados e quase 200.000 mortos. Alguns países como Alemanha, Itália e Espanha começaram a flexibilizar as medidas de quarentena, promovendo uma reabertura gradual da atividade econômica. A preocupação nesses locais daqui para frente é evitar o risco de uma segunda onda de infecções.

No Brasil, já são mais de 50.000 casos confirmados e cerca de 3.400 mortes.

Petróleo

Do chão passa

Abaixo de zero… os últimos dias foram intensos para o mercado de petróleo. Mesmo após o corte de produção sem precedentes pela OPEP+, os contratos futuros da commodity que venceram esta semana chegaram a valer menos que $0,00. O movimento deixou até mesmo traders experientes estarrecidos. O evento reflete a percepção do mercado de que há um excesso de oferta de petróleo para uma demanda praticamente nula com as economias paradas.

Desde quarta (23/04), no entanto, o preço do petróleo teve forte alta após o presidente Trump anunciar que atacaria canhões iranianos no Golfo Pérsico caso ameaçassem navios americanos. Tensões acirradas no Oriente Médio costumam provocar valorização do petróleo pela possibilidade de forte queda na produção local em decorrência de algum conflito. Estoques de petróleo bruto nos Estados Unidos tiveram aumento de 15 milhões de barris na última semana, confirmando o excesso de oferta diante da demanda fraca para o produto.

Economias mundiais

Sintomas

Estados Unidos…milhões de novos pedidos de seguro-desemprego foram registrados pela quinta semana seguida, demonstrando o impacto negativo do coronavírus no mercado de trabalho americano. Foram 4,43 milhões de pedidos na última semana. Além disso, os pedidos de bens duráveis – indicador que mostra o nível de atividade industrial e das cadeias de suprimento – tiveram queda de -14,4% em relação ao mês de março, resultado pior que a expectativa de -11,9%.

Europa… indicadores PMI (Purchasing Managers Index) de atividade industrial e de serviços tiveram quedas históricas e além do esperado pelo mercado, refletindo o extenso período de lockdown das economias europeias nos últimos meses. Resta saber se o estímulo providenciado pelo Banco Central Europeu e pelos governos nacionais servirão como combustível suficiente para a recuperação dos países da região.

Bate-bola corporativo

O que foi destaque na semana?

• A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou na sexta passada (17/04) que a Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro concedeu liminar impedindo medidas de redução de despesas com pessoal propostas pela companhia. A empresa informou que aguardará intimação para avaliar medidas cabíveis.

• A IRB Brasil RE (IRBR3) anunciou na segunda (20/04) a renúncia de membros titulares e suplentes do Conselho de Administração da Companhia. De acordo com o comunicado, as saídas foram motivadas pelos impactos da crise causada pelo coronavírus.

• A CVC Brasil (CVCB3) informou na quinta (23/04) que está avaliando uma capitalização intermediada pelo Itaú BBA S.A. O objetivo, segundo a Companhia, é fortalecer o balanço da empresa para a retomada da demanda esperada para os próximos meses.

Radar do mercado

Para ficar de olho

• Brasil: Após a saída de dois importantes ministros, será importante avaliar a repercussão desses eventos no cenário político brasileiro e o estado da relação entre governo Bolsonaro e Congresso Nacional.
• Mundo: a próxima semana está recheada de eventos importantes, principalmente no campo de política monetária, com decisão de taxa de juros do Fed (Federal Reserve) e do BCE (Banco Central Europeu).

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