Enquanto a pandemia persiste, o mundo se movimenta. No cenário interno, o governo articulou a entrega do programa Renda Cidadã – recebido com preocupação pelo mercado. No exterior, as nações da Europa começam a adotar medidas de contenção contra uma segunda onda do coronavírus e as eleições americanas esquentam.

A proposta do programa Renda Cidadã trouxe uma reação adversa do mercado – buscando evitar o furo do teto de gastos públicos, o governo apresentou como alternativa a utilização de precatórios como fonte de financiamento do projeto. Após forte rejeição do mercado, houve um recuo da proposta e a equipe econômica irá revisar o programa. Externamente, a Europa se preocupa com os números de casos diários do coronavírus, de maneira que a tão temida segunda onda de contágio se torna cada vez mais uma realidade. Enquanto isso as eleições esquentam em território americano. Com o início do período de debates e as pesquisas apresentando ampla vantagem do candidato democrata Joe Biden, o mundo volta sua atenção para a estratégia de Donald Trump visando a manutenção do poder.

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Destaques positivos

Subindo: no sentido contrário do mercado

Mirae Asset: Randon S.A (RAPT4) +13,42%

A Randon Implementos e Participações é um conglomerado de companhias que atuam no segmento automotivo, desde a fabricação de autopeças a consórcios. Fundada em 1949, a Randon se destaca por ser a maior fabricante de reboques e semirreboques da América Latina e tem as suas ações negociadas na Bolsa desde 2006. 

Apesar do Ibovespa ter fechado o mês de setembro em território negativo, as ações da companhia tiveram uma alta significativa no período. No decorrer de setembro, a Randon reportou uma alta de +10% na receita líquida consolidada referente ao mês anterior, indicando um bom sinal de recuperação, ainda que as empresas de transportes tenham sido fortemente atingidas pela crise. Além disso, as expectativas dos investidores para o futuro do setor diante da retomada econômica são positivas, o que contribuiu para a alta dos papéis da Randon no mês.

Benndorf Research: Raia Drogasil S.A (RADL3) +8,63%

Originada a partir da fusão entre Droga Raia e Drogasil em 2011, a Raia Drogasil é a líder do setor de varejo farmacêutico. A companhia tem mais de 2.070 lojas e está presente em 23 estados brasileiros. 

As ações da companhia tiveram boa performance no mês de setembro devido, principalmente, a anúncios de estratégias corporativas que animaram o mercado. Apesar da queda no lucro líquido durante o segundo trimestre deste, a Raia Drogasil anunciou um ambicioso plano de expansão com a abertura de 480 novas unidades até 2022, notícia que fez os papéis saltarem no último pregão do mês. No decorrer do período, as ações da companhia passaram por um desdobramento de 1 para 5 visando dar mais liquidez ao ativo e acesso ao investidores.

Destaques negativos

Acompanhando a baixa geral do mercado

Best Five: Via Varejo S.A (VVAR3) -15,37%

Uma das líderes do comércio varejista brasileiro, a Via Varejo é a maior empresa de eletroeletrônicos do país. Criada em 2010 a partir da associação entre Casas Bahia e Ponto Frio, a companhia tem se mostrado um destaque de turnaround até o momento, revertendo prejuízos anteriores em lucros e expansão dos negócios.

As ações da Via Varejo são uma das poucas que operam em terreno positivo no ano de 2020, o que é um fato importante devido à forte queda ocorrida na Bolsa durante o mês de março. Em setembro, no entanto, os papéis da companhia tiveram uma performance negativa, acompanhando o movimento do Ibovespa, que fechou com queda de -4,80%.

Mirae Asset: Marfrig S.A (MRFG3) -14,33%

Referência no mercado de proteína animal e maior produtora de hambúrgueres do mundo, a Marfrig é uma multinacional brasileira fundada no ano 2000 e com forte presença internacional.

Após um mês positivo e de forte recuperação em agosto, as ações da Marfrig tiveram uma queda significativa no decorrer de setembro. Nem mesmo o aumento da demanda chinesa e a elevação do rating da companhia de BB- para BB pela agência Fitch foram suficientes para conter a forte desvalorização dos papéis no período, que operam atualmente próximo do nível pré-crise.

Próximo mês

De olho em outubro

Muita volatilidade e incerteza é aguardada em outubro por ser o mês que antecede a eleição presidencial dos Estados Unidos, evento político mais importante deste ano. A disputa entre Joe Biden e Donald Trump pela direção da maior economia do mundo promete ser apertada e tensa. Tudo isso em meio a uma pandemia global que dá sinais de retomada de novos casos em determinadas regiões. Na Europa, por exemplo, existe a possibilidade de novas medidas de isolamento e quarentena, o que pode prejudicar a já frágil recuperação econômica da região. 

No Brasil, dois temas devem ser o foco para este mês. Um deles é o andamento das reformas estruturais, principalmente a tributária, que está em fase de negociação no Congresso Nacional. Outro fator importante é se o Renda Cidadã continuará na pauta do governo. O programa social desenvolvido pela equipe econômica tem o potencial de romper o teto de gastos, considerado a âncora fiscal do país, e causar grande volatilidade no mercado financeiro doméstico.