Resumo

• Payroll: relatório de emprego nos Estados Unidos vem acima da expectativa e reforça a tese de recuperação da economia americana;
• Tic Tac, Tik Tok: em mais um episódio da tensão entre China e Estados Unidos, Trump impõe data limite para aquisição de aplicativo chinês por empresa americana;
• Mercados e pandemia: com dados positivos do Payroll, mercados internacionais fecham a semana em alta;
• Existe espaço? corte na SELIC leva a taxa de juros à uma nova mínima histórica e pode haver espaço para mais;
• Bate-bola corporativo: destaques da semana;
• Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho.

Estados Unidos

Payroll

Nesta sexta (07/08), foi divulgado o relatório do mercado de trabalho americano (Payroll), resultado muito observado pelos analistas de mercado. Além de ser uma métrica relevante sobre a situação geral da economia, o Payroll é um dado importante para a inflação, que é a principal variável na tomada de decisão do Fed, o banco central americano, para a taxa de juros.

Os números referentes a julho vieram acima da expectativa:

• Criação de 1,8 milhão de vagas x 1,48 milhão estimado
• Setor privado: 1,46 milhão de vagas x 1,18 milhão estimado
• Taxa de desemprego: 10,2% x 10,6% estimada

Esses resultados mensais serão cada vez mais importantes conforme a eleição presidencial de novembro se aproxima. Os relatórios de trabalho com resultados melhores que a expectativa podem favorecer o atual mandatário, Donald Trump, na corrida pela reeleição pelo impacto positivo na sua popularidade.

Cenário internacional

Tic Tac, TikTok

Mais um episódio da série “Estados Unidos x China: no decorrer da semana, Trump aprovou ordens executivas para proibir dois aplicativos chineses nos Estados Unidos: WeChat e o popular TikTok. A condição para que esse banimento não seja efetivado é a aquisição desses aplicativos por parte de uma empresa americana em até 45 dias.

O motivo alegado pelo governo dos Estados Unidos é a preocupação com a segurança nacional, pois os dados dos usuários são acessados por uma companhia chinesa chamada ByteDance. A Microsoft (MSFT34) manifestou interesse na compra do TikTok, mas não está claro se essa negociação terá êxito.

Explosão no Líbano: o porto de Beirute, na capital do Líbano, ficou destruído após uma explosão que, até o momento, causou 137 mortes e deixou milhares de feridos. A hipótese de ataque terrorista ainda não foi descartada. O que se sabe é que haviam toneladas de nitrato de amônio, material altamente explosivo, armazenadas de forma indevida no local. O evento representa um duro golpe para a economia libanesa, já fragilizada por uma situação fiscal insustentável e casos de corrupção no governo.

Mercados e pandemia

Semana volátil

Números da pandemia: o Covid-19 alcançou a marca de mais de 19 milhões de infectados no mundo, com cerca de 712 mil mortes. Os países que lideram as estatísticas da doença continuam sendo Estados Unidos, Brasil e Índia, que atingiu recentemente a marca de 2 milhões de casos confirmados. Nos últimos dias, França e Itália registraram aumento significativo de novas transmissões, com números comparáveis ao mês de maio, quando a pandemia estava na fase mais crítica nesses países.

Entre os números positivos do Payroll e negociações frustradas sobre um novo pacote de estímulo fiscal americano, os mercados globais tiveram performance positiva.

Os principais índices tiveram os seguintes resultados na semana:

• Índices americanos – S&P 500 teve alta de +2,45%. Dow Jones subiu +3,81%
• Índice europeu – Euro Stoxx50 teve alta de +2,47%
• Índices asiáticos – Nikkei 225 (Japão) subiu +0,83%. Shanghai Composite (China) teve alta de +1,33%

Brasil

Existe espaço?

Nova mínima histórica: pela nona vez seguida, o COPOM (Comitê de Política Monetária) promoveu um corte na taxa básica de juros, que agora está em 2%. No comunicado após a decisão, o comitê do Banco Central destacou que os indicadores sugerem uma recuperação parcial, mas o nível de incerteza ainda é muito grande. Além disso, o comitê também ressaltou a importância da agenda de reformas fiscais para um crescimento econômico sustentável e afirmou que se existe algum espaço para mais estímulos monetários, este é pequeno. A possibilidade, portanto, de um novo ajuste na SELIC, ainda que pouco significativo, não está totalmente descartada.

Dados econômicos: a taxa de desemprego entre os meses de abril e junho foi de 13,3%, maior nível dos últimos três anos, demonstrando o impacto no mercado de trabalho durante o pico da pandemia. Já a inflação (IPCA) de julho ficou em +0,36%, com maior contribuição do grupo de Transportes e Habitação. O acumulado dos últimos 12 meses ficou em 2,31%, ainda abaixo da meta perseguida pelo Banco Central.

Bolsa de Valores… na contramão do cenário internacional, o Ibovespa teve queda de -0,13,% na semana e fechou o período em 102.776 pontos. O dólar acumulou o maior ganho semanal desde junho frente ao real, fechando o período em R$ 5,41.

Bate-bola corporativo

O que foi destaque na semana?

• A IRB Brasil Resseguros S.A (IRBR3) anunciou na segunda (03/08) um aporte de capital no valor de R$ 600 milhões pelos acionistas Bradesco e Itaú;
• A CVC S.A (CVCB3) divulgou na terça (04/08) o aumento de participação societária relevante por parte do banco americano Morgan Stanley;
• A Magazine Luiza S.A (MGLU3) anunciou na quinta (06/08) a aquisição da plataforma multimídia Canaltech, contribuindo para a entrada da empresa no segmento de publicidade online, segundo a Companhia.

Radar do mercado

Para ficar de olho

• Brasil

  : Na próxima semana, o destaque fica por conta da ata do COPOM referente à reunião do dia 05/08, na qual ocorreu mais um corte na taxa de juros. O documento demonstra a visão do comitê do Banco Central para o futuro da política monetária brasileira.

• Mundo: Após o resultado melhor que o esperado no último Payroll, as atenções se voltam para as tensões entre Estados Unidos e China, que teve nova escalada nos últimos dias. Além disso, os investidores estarão de olho nas discussões a respeito de um novo pacote de estímulo fiscal americano após o fracasso recente das negociações.

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