Controlando a inflação
Controlando a inflação
Resumo
- Brasil: inflação em elementos da cesta básica levanta discussão sobre intervenção do governo nos preços;
- Mundo: impasse de estímulo fiscal nos Estados Unidos e política monetária do Banco Central Europeu;
- Mercados e pandemia: suspensão de testes de vacina e semana de queda das techs americanas;
- Bate-bola corporativo: destaques da semana;
- Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho.
Brasil
Combate à inflação
Na quarta desta semana (09/09) foi divulgado o resultado do IPCA de agosto, que teve alta de +0,24% em relação ao mês anterior e de +2,44% na base anual. A inflação medida pelo indicador veio em linha com a expectativa de mercado, mas não mostra com clareza o forte aumento no preço de produtos da cesta básica.
O arroz e o leite longa vida, por exemplo, acumulam uma alta de cerca 20% no ano, enquanto o preço do feijão carioca subiu cerca de 12% no período. Alguns fatores que podem ter contribuído para esse cenário são:
- Alta do dólar: torna a exportação de produtos brasileiros mais atrativa, causando aumento da demanda externa;
- Pandemia: as pessoas saíram menos para bares e restaurantes , o que pode ajudar a explicar a maior procura de alimentos básicos para serem preparados em casa. O auxílio emergencial também contribuiu para preservar parte do poder de compra do brasileiro e fortalecer a demanda interna.
O encarecimento de alimentos básicos para o brasileiro incomodou o governo. O presidente Bolsonaro autorizou que os supermercados fossem notificados pelo repasse dos preços e cobrou “patriotismo” por parte do setor para segurar a inflação desses elementos. Apesar do tom adotado, o presidente afirmou que o governo não realizará intervenções diretas no mercado e buscará meios apropriados de conter a escalada dos preços, como a compra de alimentos sem imposto de importação.
A grande questão em torno desse caso é se o repique inflacionário, aliado ao risco fiscal, pode influenciar a política de juros do Banco Central, que trabalha com metas de inflação e tem mantido a SELIC em níveis historicamente baixos.
Bolsa de Valores… a semana foi curta, mas bem agitada no mercado. O Ibovespa fechou o período a 98.363 pontos, registrando queda de -2,84%, abaixo dos 100 mil pontos. O dólar fechou estável em relação à semana passada: R$ 5,34.
Mundo
Nada mudou
Banco Central Europeu: após o Fed anunciar uma nova abordagem na política monetária, o mercado aguardava o posicionamento do Banco Central Europeu (BCE) na decisão de taxa de juros na quinta (10/09). A instituição não anunciou, no entanto, mudanças na sua política monetária. A presidenta do BCE, Christine Lagarde, declarou que dados recentes indicam que a economia da Zona do Euro tem demonstrado forte recuperação, em linha com o esperado pelo comitê de política monetária do banco.
Estados Unidos: Pela segunda semana seguida, os pedidos semanais de seguro desemprego vieram abaixo de 1 milhão. O resultado só não foi melhor porque o número veio acima da expectativa (884 mil x 846 mil projetado).
Enquanto isso, a proposta de uma nova rodada de pacote de estímulos foi derrotada no Senado americano. A medida é considerada por membros do governo como relevante para dar suporte à economia dos Estados Unidos durante a pandemia, mas a chance de ser aprovada antes da eleição presidencial de novembro diminui a cada semana de fracasso nas negociações entre democratas e republicanos.
Mercados e pandemia
Dias difíceis para as techs
Testes interrompidos: a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em conjunto com a farmacêutica AstraZeneca teve seus testes interrompidos, inclusive no Brasil. Durante uma fase dos estudos, foram identificadas reações adversas em participantes. Esse tipo de pausa é considerado normal em testes de desenvolvimentos de vacinas.
Foram registrados até o momento cerca de 28,5 milhões de casos de Covid-19 no mundo todo, com mais de 910 mil mortes. A Índia ultrapassou o Brasil em números de casos e está atrás apenas dos Estados Unidos. Na Europa, França e Grécia registraram recordes diários de novas infecções. Dos 10 países com mais casos, metade estão na América Latina, incluindo o próprio Brasil, que chegou à marca de 130 mil óbitos pela doença.
As ações americanas de tecnologia, grandes responsáveis pelo recuperação do S&P 500 em 2020, tiveram mais uma semana de forte queda e contribuíram para que os índices dos Estados Unidos fechassem em terreno negativo.
Os resultados da semana foram os seguintes:
- Índices americanos – S&P 500 teve queda de -2,51%. Dow Jones fechou com -1,66%;
- Índice europeu – Euro Stoxx50 teve alta de +1,69%;
- Índices asiáticos – Nikkei 225 (Japão) subiu +0,87%. Shanghai Composite (China) teve queda de -2,83%
Bate-bola corporativo
O que foi destaque na semana?
- A Petrobras S.A (PETR3, PETR4) anunciou na quarta (09/09) o seu retorno como signatária da iniciativa anticorrupção do Fórum Econômico Mundial;
- A Lojas Renner S.A (LREN3) informou na quinta (10/09) que foi escolhida como a primeira colocada no índice S&P/B3 Brasil ESG, composta por empresas que operam negócios sustentáveis e apresentam alto grau de governança corporativa.
Radar do mercado
Para ficar de olho
Brasil
: na próxima semana terá decisão de taxa de juros pelo Banco Central com possibilidade de mais um corte. O boletim Focus da instituição demonstra que a expectativa dos agentes de mercado é de SELIC a 1,75% ainda este ano.
- Mundo: o comitê do Fed também fará a sua decisão sobre a taxa de juros na próxima semana. A expectativa do mercado é de manutenção do indicador em 0% e mais clareza na comunicação do banco central sobre o futuro da política monetária americana.
Sobre o autor
Lucas Barroso
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