Castelo de cartas

Castelo de cartas

Resumo

  • Sem trégua: teoria sobre possível origem do coronavírus em laboratório aumenta a tensão entre China e Estados Unidos;
  • Payroll: números do mercado de trabalho americano mostram dano na economia local devido à recessão;
  • Mais um corte: COPOM reduz a taxa de juros a 3,00%, nova mínima histórica;
  • Perspectiva negativa: agência de classificação de risco Fitch reduz perspectiva do Brasil de “estável” para “negativa”;
  • Bate-bola corporativo: destaques da semana;
  • Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho.

Guerra mais que comercial

As tensões renascem

Sem tréguaquem imaginou que a pandemia causaria uma trégua na conturbada relação entre Estados Unidos e China se enganou. O acordo parcial entre os dois países, denominado “Fase 1”, já se mostrava frágil desde o início. Negociações referentes à “Fase 2” estavam em andamento até o avanço global do coronavírus, que teve início em terras chinesas.

Uma teoria que tem ganhado mais atenção recentemente é a de que o Covid-19 teria surgido em um laboratório chinês, visão defendida pelo Secretário de Estado do governo americano, Mike Pence, o qual sugeriu, inclusive, a possibilidade do vírus ter sido “fabricado” no local. Nenhuma evidência concreta foi apresentada, mas a fala do Secretário representou uma escalada na tensão entre oficiais chineses e americanos.

Na mesma linha, o presidente Trump prometeu um relatório conclusivo sobre a possibilidade do vírus ter se originado em um laboratório chinês. Além disso, o mandatário dos Estados Unidos utilizou sua já conhecida retórica, ameaçando impor tarifas à China como “punição definitiva” pela pandemia. Esse ato arruinaria o acordo parcial entre as potências e já serviu para ligar o sinal de alerta nos investidores.

Outro ponto fraco da trégua comercial é o de que a China teria que comprar uma quantidade mínima de bens dos Estados Unidos, exigência que se tornou muito difícil com a forte desaceleração econômica causada pelo coronavírus. Dados divulgados essa semana mostraram que as importações chinesas referentes ao mês de abril caíram 14,2% em relação ao ano passado.

Representantes do alto escalão de ambas as potências devem retomar as discussões na próxima semana. Resta saber se esse castelo de cartas, que representa a frágil relação entre Estados Unidos e China, se manterá de pé.

Recessão mundial

Payroll

Desemprego… nesta sexta (08/05), foram divulgados os números do mercado de trabalho americano em abril, mais conhecido como “Payroll”, dado observado de perto por analistas, economistas e investidores. O resultado mostrou uma perda de 20,5 milhões de postos de trabalho no decorrer do mês, elevando a taxa de desemprego de 4,4% no mês anterior para 14,7%, maior nível desde a década de 1940.

Os pedidos de seguro-desemprego divulgados na quinta (07/05), com base na semana de 25/04 a 02/05, tiveram aumento de 3,2 milhões de registros.

Bancos Centrais

Juros na mínima, dólar na máxima

Mais um corte… na última quarta (06/05), o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central realizou um corte 75 pontos-base na taxa de juros, reduzindo o indicador de 3,75% para 3,00%, nova mínima histórica.

Perspectiva negativa… No decorrer da semana, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a perspectiva do Brasil de “estável” para “negativa”. A nota do país continua BB-, três degraus abaixo do “grau de investimento”. O motivo para essa revisão foi o aumento da tensão política, aliada à crise econômica e fiscal que o país enfrenta devido ao coronavírus. Sobre os critérios de classificação de risco soberano e a situação brasileira, o artigo “O Brasil e o selo de bom pagador” trata o assunto com mais detalhes.

Resultados econômicos… conforme os dados mensurados no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no mês de abril ocorreu uma deflação de -0,31%, primeira queda do índice desde setembro do ano passado, o que reflete uma demanda fraca devido ao cenário atual. Enquanto isso, a produção industrial no país sofreu contração de -9,1% no mês de março.

Bolsa de Valores… entre altas e quedas, o Ibovespa fechou a semana praticamente sem variação expressiva, caindo -0,30% no período. O dólar teve mais uma semana de alta e chegou a encerrar o pregão de quinta (07/05) acima de R$ 5,80. Apesar de fechar em R$ 5,74, o câmbio tem flertado com o nível de R$ 6,00 e testado novas máximas históricas a cada dia.

Bate-bola corporativo

O que foi destaque na semana?

  • A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou na segunda (04/05) que bateu o recorde de exportação de petróleo no último mês, totalizando mais de 30 milhões de barris.
  • A Marfrig S.A (MRFG3) comunicou na quinta (07/05) que as informações veiculadas na impressa sobre uma possível oferta de ações da companhia no montante de R$ 1 bilhão não são verdadeiras.
  • A Via Varejo S.A (VVAR3), por outro lado, informou nesta sexta (08/05) que está avaliando uma possível oferta subsequente de ações (follow-on).

Radar do mercado

Para ficar de olho

  • Brasil: Após mais um corte na taxa de juros, o COPOM divulgará a ata referente à última decisão na próxima terça (12/05). A expectativa é de que haja sinalização dos próximos passos da política monetária.
  • Mundo: Dados econômicos relevantes da China (produção industrial), Zona do Euro (PIB do primeiro trimestre) e Estados Unidos (vendas no varejo) serão divulgados na próxima semana. Após resultados do mercado de trabalho americano apontarem uma alta expressiva na taxa de desemprego, os pedidos de seguro-desemprego semanais continuarão no radar dos investidores.

Sobre o autor

Lucas Barroso

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