Ascensão lenta
Ascensão lenta
Resumo
- Ascensão lenta: economia brasileira cresce no terceiro trimestre após forte tombo, mas ainda não recupera as perdas do ano;
- Payroll: recuperação do mercado de trabalho americano perde força em meio ao aumento de casos de coronavírus;
- Hora da vacina: Reino Unido e Rússia devem iniciar a imunização contra a Covid na próxima semana;
- Horizonte melhor: com menos incertezas no cenário e perspectiva de vacinação, mercados internacionais fecham a semana em alta;
- Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho.
Brasil
PIBão ou PIBinho?
A economia brasileira teve uma expansão de +7,7% em comparação com o trimestre anterior, livrando o país de uma recessão técnica (três trimestres consecutivos de queda). Anteriormente, o PIB do Brasil havia sofrido uma queda de -1,5% no primeiro trimestre e -9,6% no segundo devido aos efeitos da pandemia na atividade econômica do país. Apesar de significativo, o crescimento no terceiro trimestre não só foi insuficiente para tirar a economia doméstica do terreno negativo no ano, como também foi abaixo da expectativa do mercado, que projetava uma expansão de +9,0% no período.
Os destaques positivos do resultado foram a indústria e o comércio, que recuperaram o nível pré-pandemia. O setor de serviços teve um crescimento insuficiente para apagar as perdas do ano, enquanto o agronegócio teve leve contração, mas segue positivo em 2020.
Apesar de abaixo da expectativa, o governo reagiu de forma positiva ao resultado. A equipe econômica avalia que a recuperação econômica prepara o terreno para a retirada dos auxílios emergenciais, não havendo, portanto, necessidade de estendê-los para 2021, o que deve aliviar as contas públicas nos próximos meses. Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criticou o resultado e afirmou que o número reflete “o tamanho da desorganização do governo”. Para muitos analistas, foi um PIBinho com cara de PIBão.
O mercado não reagiu de forma contundente ao resultado e manteve viés positivo com o cenário internacional favorável. Na semana, o índice do mercado brasileiro e o dólar tiveram a seguinte performance:
- Ibovespa: o índice fechou a 113.687 pontos, com alta de +2,85% no período;
- Dólar: a divisa americana fechou em queda frente ao real cotado a R$ 5,13.
Estados Unidos
Desaceleração
Payroll: um dos dados mais importantes da economia dos Estados Unidos, o Payroll (relatório do mercado de trabalho) referente ao mês de novembro foi divulgado neste sexta (04/12). Diferentemente dos resultados anteriores, os números vieram abaixo do esperado e decepcionaram analistas e investidores.
A taxa de desemprego americana, que antes da crise estava em 3,5% e chegou a 14,7% na fase mais aguda da pandemia, ficou em 6,7%, resultado levemente melhor que o estimado (6,8%).
A geração de 245mil vagas foi abaixo da projeção de 469 mil. No setor privado, os novos empregos ficaram em 344 mil, abaixo da estimativa de 589 mil.
O aumento recente nos pedidos semanais de seguro-desemprego já indicavam que, de fato, a recuperação do mercado de trabalho americano já estava em processo de desaceleração. O país tem enfrentado dificuldades no combate ao coronavírus, uma vez que os novos casos diários tem batido recorde atrás de recorde nas últimas semanas, fator que pode ajudar a entender esse cenário.
O resultado considerado fraco pode aumentar a urgência por um pacote de estímulos fiscais, que está em negociação no ambiente político dos Estados Unidos há meses. Democratas e republicanos têm apresentado dificuldade em chegar a um acordo, mas existe a expectativa de que a administração Biden tenha influencia nessa aprovação.
Pandemia
Hora da vacina
O momento esperado por grande parte da população mundial está cada vez mais próximo. O processo de vacinação terá início já na próxima semana para britânicos e russos.
No Reino Unido, foi aprovada a vacina da Pfizer/BioNTech com um lote inicial de 10 milhões de doses. Profissionais da saúde e idosos devem ser priorizados nesse primeiro ato de vacinação em grande escala. Na Rússia, as doses da vacina Sputnik V também também serão disponibilizadas a partir de semana que vem para a população geral.
Os anúncios chegam em um momento importante, já que alguns países da Europa sofrem com o aumento substancial de casos. Enquanto isso, os Estados Unidos bateram recorde de novas infecções diárias mais uma vez e o sistema de saúde de algumas regiões do país já começa a sentir os efeitos. No Brasil, há uma tendencia de alta dos casos em alguns estados, que já começaram a se mobilizar para impedir um surto durante as compras de Natal e festas de fim de ano.
No mundo todo já são mais de 65 milhões de casos e 1,5 milhão de mortes.
Mercado financeiro
Horizonte melhor
Com a perspectiva de vacinação em alguns países e um horizonte menos carregado de incertezas após o resultado definitivo da eleição nos Estados Unidos, as bolsas mundiais operaram em alta e mantiveram nesse início de dezembro a boa performance do último mês.
Os índices internacionais tiveram mais uma semana positiva:
- S&P 500: o principal índice americano subiu +1,68% no período;
- Dow Jones: o índice das maiores empresas dos Estados Unidos teve alta de +1,03% na semana;
- Euro Stoxx 50: o índice representativo do mercado europeu subiu +0,33% no período;
- Nikkei 225: o índice acionário do Japão teve leve alta de +0,40% na semana.
Radar do mercado
Para ficar de olho
Brasil
: Após um resultado do PIB abaixo do esperado, os dados do varejo e de inflação serão divulgados na próxima semana. Também acontecerá a decisão de taxa de juros pelo COPOM, com expectativa de manutenção no atual patamar de 2%.
- Mundo: Na próxima semana, o Banco Central Europeu se reunirá para analisar os impactos do lockdown de novembro e decidir sobre a taxa de juros para a região. Além disso, os processos de vacinação no Reino Unido e na Rússia estarão em destaque.
Sobre o autor
Lucas Barroso
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