Resumo

• Guedes fica: após a saída de Mandetta e Moro, Bolsonaro dá respaldo ao ministro da Economia;
• Mercado: bolsa brasileira respira e tem semana positiva após “Moro day”;
• PIB negativo: grandes economias sofrem contração histórica no primeiro trimestre de 2020, sendo a China a mais atingida;
• Com a palavra: presidentes de bancos centrais discutem o cenário econômico e a política monetária atual;
• Bate-bola corporativo: destaques da semana;
• Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho.

Cenário doméstico

Respaldo

Guedes fica…após a turbulenta saída de Sérgio Moro na última sexta (24/04), Paulo Guedes parecia ser a figura ministerial mais frágil da administração Bolsonaro. A possibilidade de queda do ministro da Economia preocupava economistas e investidores. O presidente, no entanto, deu respaldo ao ministro, afirmando que o “homem que decide a economia no país é um só: Paulo Guedes.”

Apesar disso, o termômetro político continua com altas temperaturas. Durante a semana, a indicação de um novo nome à diretoria da Polícia Federal foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal por um possível desvio de finalidade, evidenciando o descompasso entre governo e Poder Judiciário.

Além disso, Bolsonaro foi fortemente criticado por dar uma resposta evasiva ao ser questionado sobre o crescente número de mortos por coronavírus no país. O Brasil já tem mais de 70.000 casos confirmados e cerca de 5.200 mortes, número já superior ao de óbitos reportados na China.

Mercado… lembra da última que vez que o Ibovespa teve uma semana inteira só com pregões de alta? Faz tempo. A última vez que isso ocorreu foi na primeira semana de dezembro do ano passado. Nesta semana, o índice teve três dias de alta, mas caiu -3,20% na quinta-feira, antes do feriado. O resultado acumulado da semana foi de +6,87%, mostrando um respiro da bolsa após o episódio do “Moro day” na sexta passada.

O dólar também assumiu uma trajetória de queda até o meio da semana, mas voltou a subir no pregão desta quinta e fechou em R$ 5,44.

Economias mundiais

Ranking da recessão

PIB negativo… todos os países enfrentam uma recessão histórica neste momento em função da pandemia de Covid-19, que gerou uma crise de saúde em escala global e paralisou a atividade econômica na maior parte do mundo.

No decorrer desta semana foram divulgados o PIB anual do primeiro trimestre de 2020 dos Estados Unidos e da União Europeia. Com base nos dados divulgados até o momento, o ranking dos países cujas economias mais sofreram nos primeiros três meses deste ano está assim;

1. China: -6,8%;
2. França: -5,8%;
3. Espanha: -5,2%;
4. Estados Unidos: -4,8%
5. Itália: -4,7%

Gradualmente as atividades econômicas estão retornando nesses países, mas em estágios diferentes. A constatação é de que a estrada para a plena recuperação é longa e levará um tempo.

Casos de coronavírus no mundo já ultrapassam a marca de 3,2 milhões, com mais de 230.000 mortos.

Bancos Centrais

Com a palavra…

Jerome Powell, do Fed… o comitê de política monetário do Fed (FOMC) se reuniu na quarta (29/04) para decidir a respeito da taxa de juros americana. O indicador foi mantido no atual patamar de 0% a 0,25%. Em seguida, Jerome Powell, o presidente da instituição, discutiu alguns desdobramentos do cenário atual:

• Taxa de juros: Powell sinalizou que o Fed manterá a taxa de juros no atual patamar até que haja plena confiança de que a economia americana está na rota de recuperação;
• Mais estímulos: o presidente do Fed sinalizou que a economia dos Estados Unidos deve precisar de mais estímulo do banco central para ter uma recuperação robusta;
• Segundo trimestre: Powell indicou que a economia americana deve sofrer outra queda contundente no segundo trimestre deste ano. O presidente do Fed destacou a incerteza em torno da profundidade e duração da crise atual.

Os dados econômicos da economia americana continuam a mostrar o forte impacto do coronavírus. Na semana de 18/04 a 25/04, mais 3,8 milhões de pedidos de seguro-desemprego foram registrados, totalizando 30 milhões desde a metade do mês de março.

Christine Lagarde, do BCE… na mesma linha do seu colega americano, a presidenta do Banco Central Europeu destacou alguns desafios atuais e possíveis ações da instituição no atual cenário. Nesta quinta (30/04), o Banco Central Europeu também manteve a taxa de juros em 0%:

• Queda sem precedentes: Lagarde chamou a atenção para a profundidade da queda nos resultados econômicos dos países europeus, destacando principalmente a deterioração no mercado de trabalho;
• Repasses: a presidenta do BCE discutiu a expansão do programa de empréstimos a taxas negativas para bancos europeus para incentivar o mercado de crédito visando a retomada econômica;
• Arsenal preparado: Lagarde também destacou que o banco central tem total flexibilidade para utilizar diversos instrumentos de natureza monetária para estimular a economia da região.

As principais economias europeias tiveram quedas históricas no PIB anual referente ao primeiro trimestre de 2020. O resultado agregado da Zona do Euro foi de -3,8% de contração.

Bate-bola corporativo

O que foi destaque na semana?

• A

  Embraer S.A (EMBR3)

  informou no último sábado (25/04) que recebeu a comunicação da Boeing encerrando o acordo de joint venture entre as empresas. A companhia brasileira indicou que buscará as medidas cabíveis contra a corporação americana pelo fim do negócio.

• A Multiplan S.A (MULT3) reportou nesta quarta (29/04) os resultados do primeiro trimestre de 2020. A companhia teve um crescimento de 93,3% no lucro líquido em comparação com o ano passado, mesmo com o fechamento temporário de shoppings por causa do coronavírus.
• O Bradesco S.A (BBDC4) divulgou nesta quinta (30/04) os resultados referentes ao primeiro trimestre de 2020. O lucro líquido da companhia teve queda de -39,8% em relação ao mesmo período do ano passado, sendo o principal fator o aumento nas provisões para perdas por inadimplência na atual crise.

Radar do mercado

Para ficar de olho

• Brasil

  : O cenário político em Brasília continua agitado após os eventos da semana passada, mas as atenções se voltam para o comitê de política monetária do Banco Central, que se reúne na próxima semana com a perspectiva de realizar um novo corte na SELIC.

• Mundo: Resultados de PMI (Purchasing Managers Index) para diversas economias serão divulgados nos próximos dias. O destaque, no entanto, é o famoso Payroll na sexta da próxima semana (08/04), que deve confirmar uma forte alta no desemprego americano em decorrência da crise causada pelo coronavírus.

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