Resumo

• Bear Market: Mercados desabam ao redor do mundo com temores de coronavírus e guerra de preços do petróleo;
• Pandemia: A Organização Mundial da Saúde declara o coronavírus uma pandemia global;
• Medida extrema: O presidente Trump impõe restrições para viagens vindas da Europa;
  
• Política monetária: O Banco Central Europeu mantém a taxa de juros mas promete outras medidas visando o alívio financeiro de pessoas e empresas;
  
• Quebra de recorde: Pela primeira vez na história o Circuit Breaker é acionado na bolsa brasileira por três dias em uma mesma semana;
• Bate-bola corporativo: destaques da semana.

Cenário internacional

Queda livre

Bear market… Uma analogia muito conhecida no mercado financeiro é a do touro (bull) e do urso (bear). Um mercado de alta e com otimismo dos investidores é associado ao touro por causa do sentido do seu ataque: de baixo para cima. O contrário se aplica ao urso, representante do mercado pessimista e com preços em queda, cujo ataque é de cima para baixo.

A classificação de bear market ocorre quando o mercado cai mais de 20% em relação ao seu último pico. Considerando o que tem ocorrido nos últimos dias, é possível afirmar que chegou a vez do urso nos principais mercados ao redor do mundo. Os índices de bolsa sofreram fortes quedas no decorrer da semana, causando inclusive o acionamento de Circuit Breakers, mecanismo de estabilização do mercado que interrompe os negócios temporariamente.

Mas afinal, o que tem provocado esse pânico entre os investidores? Dois motivos: a disseminação do coronavírus em diversos países, incluindo Estados Unidos e integrantes da Europa; além disso, houve também o fracasso nas negociações entre os integrantes da OPEP e os russos a respeito do nível de produção do petróleo, levando ao início de uma guerra de preços entre Arábia Saudita e Rússia. Essa situação ocasionou uma forte desvalorização do barril de petróleo e causou preocupação a respeito dos efeitos desse choque na economia mundial.

Apesar do “respiro” dos mercados na sexta, o saldo da semana para as bolsas internacionais foi negativo e trouxe à memória de muitos os dias difíceis da crise financeira de 2008.

Coronavírus

Agora é oficial

Pandemia… A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou na última quarta (11/03) que o Covid-19, também conhecido como coronavírus, passa a ser considerado uma pandemia, ou seja, um surto com amplo alcance geográfico. Segundo a instituição, o intuito da divulgação não é desencadear pânico, e sim alertar os países a tomar medidas preventivas para lidar com o problema, como a utilização frequente de testes e até quarentena.

Enquanto o avanço da doença desacelera na China, países como Itália e Irã se encontram em situação delicada, com mais de 10.000 casos confirmados em ambos. Milhares estão infectados também na França, Espanha, Alemanha e Coreia do Sul. Em decorrência da gravidade da situação, já tem ocorrido o adiamento ou cancelamento de shows e eventos esportivos.

Até o momento, o saldo é de mais de 130.000 casos confirmados e aproximadamente 5.000 mortos.

Estados Unidos

Portas fechadas

Discurso mal recebido… Em comunicado oficial na noite de quarta (11/03), o presidente Trump anunciou uma restrição de vôos com origem na Europa (com exceção do Reino Unido) por, pelo menos, um mês. Apenas cidadãos americanos, residentes permanentes e familiares próximos de habitantes locais terão entrada permitida no país.

Além disso, o mandatário dos Estados Unidos informou que medidas serão tomadas visando prover alívio financeiro para trabalhadores doentes ou indivíduos submetidos à quarentena. No entanto, a falta de detalhes sobre as diretrizes do governo para combater o avanço do coronavírus no país causou confusão e acentuou o clima de pânico, que acabou refletindo no mercado financeiro.

Discurso bem recebido… Na sexta (13/03), Trump declarou emergência nacional em função do avanço do vírus nos Estados Unidos. O presidente destacou que diversas medidas de prevenção e controle da doença serão tomadas, incluindo um esforço conjunto de grandes corporações no combate ao Covid-19. Índices de bolsa tiveram forte alta após o anúncio, que foi mais claro e direto do que o anterior.

Primárias democratas… Joe Biden obteve mais uma vitória importante sobre o seu concorrente Bernie Sanders e, praticamente, garantiu o seu lugar na disputa presidencial com Donald Trump no final do ano. Independente de quando o surto de Covid-19 estará efetivamente sob controle no país, esse certamente será um tema importante na eleição.

Zona do Euro

Mais estímulo

Política monetária… Em reunião realizada na quinta (12/03), o Banco Central Europeu manteve a taxa de juros em 0% e divulgou que tomará diversas medidas monetárias para prover liquidez e apoio financeiro para indivíduos e empresas nesse cenário desafiador. Christine Lagarde, presidenta da instituição, reforçou que os governos da Zona do Euro devem utilizar estímulos fiscais para suportar a economia da região contra os efeitos do coronavírus.

Cenário doméstico

Pode pedir música?

Quebra de recorde… Assim como no restante do mundo, o Ibovespa despencou devido ao movimento de aversão ao risco dos investidores. Pela primeira vez na história da bolsa o Circuit Breaker foi acionado por três dias em uma só semana (09/03, 11/03 e 12/03), sendo que no dia 12/03 o índice chegou a cair 19% durante o pregão, próximo do limite de 20% para ativar o último nível de Circuit Breaker e interromper as transações por tempo indeterminado. Apesar da alta que o Ibovespa teve na sexta (13/03), não foi o suficiente para zerar o saldo negativo da pior semana para a bolsa na década. A queda no índice foi de 16,26% neste período.

Pessimismo refletido no FOCUS… A pesquisa semanal do Banco Central já mostra uma redução na expectativa de crescimento do país em função do ambiente negativo na economia global. A projeção do PIB para 2020 passou de 2,30% no primeiro FOCUS do ano para 1,99% na última divulgação.

Governo x Congresso… O Congresso Nacional derrubou o veto do presidente Bolsonaro sobre o aumento do limite de renda para acesso ao BPC (Benefício de Prestação Continuada). Esse ato estende o benefício para mais pessoas, aumentando a despesa do governo em R$ 20 bilhões por ano. O Ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo irá até o Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal de Contas da União para manter o veto.

E o coronavírus aqui?… O Ministério da Saúde informou que, além dos 98 casos já confirmados, monitora outros 1485 pacientes com suspeita de infecção. Uma notícia relevante é que o Secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, contraiu a doença. O funcionário do governo integrou a comitiva de Bolsonaro que viajou para os Estados Unidos no último fim de semana e teve contato direto com o presidente Trump e funcionários da Casa Branca. O presidente Bolsonaro afirmou que seu teste para a doença deu resultado negativo, enquanto Trump negou qualquer sintoma do vírus.

Resultado econômico… A inflação (IPCA) em fevereiro foi de apenas 0,25%, menor taxa para o mês nos últimos 20 anos. O resultado dos últimos doze meses foi de 4,01%, bem próximo do centro da meta visada pelo Banco Central para 2020, que é 4,00%.

Bate-bola corporativo

O que foi destaque na semana?

• A Petrobrás (PETR3; PETR4) informou no dia 09/03 que assinou um contrato de venda de quatro campos de exploração petrolífera para a empresa de brasileira de óleo e gás Eagle. O valor total da transação é de 3,01 milhões de dólares;
• A Telefônica Brasil (VIVT3; VIVT4) e a TIM Participações (TIMP3) anunciaram no dia 10/03 o interesse e o início das tratativas para uma possível aquisição do Grupo Oi (OIBR3; OIBR4);
• A Azul (AZUL4) divulgou seus resultados de 2019 no dia 12/02. O Lucro Líquido da companhia no período foi de R$ 1,2 bilhão, bem acima do obtido no resultado anterior, enquanto o EBITDA ajustado teve crescimento de 34% comparado ao ano de 2018.
• A Engie Brasil (EGIE3) divulgou na quinta (12/03) que teve o seu rating nacional AAA(bra), o mais alto na classificação de crédito para empresas brasileiras, reafirmado pela agência Fitch com perspectiva estável.

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