Temperatura subindo

Temperatura subindo

Resumo

  • Assombração inflacionária: Dados dos Estados Unidos aumentam os temores sobre inflação no país;
  • Mudança de ideia: CEO da Tesla rejeita Bitcoin como forma de pagamento e mexe com o mercado de criptoativos;
  • Clima quente na CPI: Discussões e ameaça de prisão na investigação sobre a atuação do governo na pandemia;
  • Destaques corporativos: Cancelamento de IPO da Dotz, resultados de Petrobras e JBS;
  • Radar do mercado: Temas e eventos para ficar de olho.

Estados Unidos

Assombração inflacionária

Temores sobre a escalada da inflação nos Estados Unidos não são de hoje, mas na quarta (12/05) o assunto tomou conta da pauta do mercado após a divulgação do CPI – Consumer Price Index – o equivalente nos Estados Unidos ao IPCA brasileiro.

O índice veio bem acima do esperado, surpreendendo os investidores. Existem duas formas de analisar o resultado:

  • Número “cheio” (headline): reportado com a cesta completa de bens que compõem o indicador;
  • Núcleo (core): exclui a variação de preços de combustíveis e alimentos, componentes mais voláteis do índice. Esse número mostra de forma mais direta como os preços ao consumidor subiram no período (e subiram bem). A variação do núcleo na base anual foi de +3,0%, maior alta nos últimos 25 anos.
    E agora, Fed? O comitê do banco central americano tem defendido a manutenção dos juros próximos de zero para fortalecer a recuperação do país. O fraco Payroll de abril foi um bom argumento a favor dessa tese, mas a alta da inflação deve incomodar os membros do órgão monetário.

Jerome Powell, presidente da instituição, afirmou recentemente que o aumento dos preços deve ser temporário e que não vê problemas com a inflação acima da meta de 2% no momento. A questão, no entanto, é como o Fed pretende lidar com a pressão do mercado sobre esse tema. No dia da divulgação do CPI, o S&P500 tombou -2,14% enquanto o VIX, o índice do medo de Wall Street, subiu 26,33%.

Após o pregão assombroso de quarta, os índices de ações do país até tiveram um bom respiro, mas não o suficiente para apagar as perdas da semana.

Outros pontos de vista: Parte do mercado prefere ter calma e entender outros aspectos do resultado. O CPI é um dado relevante, mas o Fed observa com mais atenção o PCE (Personal Consumer Expenditure), outro índice de inflação mais focado no consumo individual das famílias. Esse resultado também tem apresentado forte alta desde o início do ano, mas em níveis menos dramáticos que o CPI. A próxima leitura desse indicador é no dia 28/05 e os investidores certamente estarão de olho.

Já outra parte dos analistas atribui a combinação do último Payroll e inflação mais alta à escassez de mão-de-obra (labor shortage). Há relatos de empresas americanas que não conseguem contratar, chegando ao ponto de pagar para que candidatos apareçam nas entrevistas de emprego. Não se sabe ainda se essa tendência é generalizada ou baseada em casos atípicos.

A razão apontada por esse grupo seriam os cheques de estímulo do governo Biden, que teoricamente teriam reduzido a predisposição das pessoas em buscar trabalho nesse momento.

Se esse cenário for real, o que pode acontecer de acordo com a lei da oferta e demanda? As empresas teriam que aumentar o salário para atrair trabalhadores, o que eleva a renda das famílias e contribui para mais consumo, o que pode desencadear aumento nos preços, ou seja, mais inflação…

Cripto

Mudança de ideia

Elon Musk, CEO da Tesla (TSLA34), é considerado um dos maiores entusiastas das criptomoedas. Uma prova disso são os seus tuítes sobre Bitcoin e outras altcoins (criptomoedas alternativas) como a Dogecoin, por exemplo. E não para por aí: a própria Tesla informou neste ano que passaria a aceitar Bitcoin como forma de pagamento pelos seus carros elétricos e que parte do caixa da companhia ficaria alocado nesse criptoativo.

Nessa semana, no entanto, Musk parece ter mudado de ideia. Através do Twitter, o CEO da Tesla declarou que a empresa deixaria de aceitar Bitcoins como forma de pagamento devido à preocupação com o impacto ambiental da criptomoeda. Isso porque o consumo de energia elétrica da rede do Bitcoin é bem elevado, fator que gera críticas de diversos setores da sociedade e dificulta uma maior aceitação da criptomoeda no mercado.

A informação mexeu bastante com o mercado cripto. O HASH11, ETF de criptomoedas lançado recentemente na B3, registrou queda de -9,69% no pregão de quinta, logo após o tuíte de Elon Musk.

Brasil

Clima quente

CPI da Pandemia: Na última semana o clima esquentou na CPI que investiga se houve negligência do governo federal no tratamento da pandemia da Covid-19. Dentre os acontecimentos, destaca-se a ameaça de prisão de Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do Governo Federal, a SECOM, por acusações de falso testemunho.

A prisão de Wajngarten foi negada pelo colegiado. Ainda que a grande fonte de temor dos investidores na semana tenha sido o aumento da inflação nos Estados Unidos, o risco político certamente contribuiu para que o Ibovespa não alcançasse altas na mesma proporção que outros índices de ações internacionais tiveram nesta sexta-feira.

Economia entrando nos trilhos? Se nos EUA a inflação assustou os investidores nesta semana, no Brasil a divulgação do IPCA de abril veio em linha com o esperado pelos investidores, com uma alta de +0,31% no mês passado. Além da inflação em linha, a semana também contou com a notícia positiva de que o IBC-Br de março, dado que muitos analistas consideram como uma “prévia do PIB”, veio com uma retração inferior ao esperado, caindo -1,59%, contra projeções de -3,75%. Ainda é cedo para dizer se a inflação está de fato controlada e se o país se encaminha para uma retomada da economia, porém a julgar pelos indicadores divulgados nesta semana, talvez o pior já tenha passado.

Destaques corporativos

Dotz: mais um cancelamento de IPO

Aguardado por muitos investidores, o IPO da companhia de pontos de recompensa Dotz também foi cancelado. Mesmo com os rumores de que a oferta contaria com a participação até mesmo do SoftBank, grande conglomerado japonês notoriamente conhecido por seus grandes investimentos em empresas de tecnologia, a Dotz não conseguiu atingir um valuation desejado por seus acionistas e acabou optando por adiar sua oferta inicial. A Dotz é apenas mais uma de uma série de companhias que não conseguiu despertar o interesse de investidores cada vez mais seletivos em 2021.

Petrobras: EBITDA em crescimento

A Petrobras (PETR3; PETR4) divulgou nesta quinta-feira seu balanço referente ao primeiro trimestre de 2021, registrando lucro líquido de R$1,17 bilhão. No ano anterior a companhia havia registrado prejuízos recordes de R$48,5 bi devido à menor demanda graças ao início da pandemia da Covid-19 e ao choque sofrido nos preços do petróleo. A variação cambial contribuiu para que a companhia apresentasse um lucro líquido inferior ao último trimestre de 2020, quando a companhia lucrou R$59,9 bi. No entanto, a petroleira surpreendeu o mercado com um crescimento de 30,5% de seu EBITDA na comparação anual, crescimento superior ao esperado pelos analistas.

JBS: Virando o jogo

A JBS (JBSS3) divulgou nesta quarta-feira seus resultados do primeiro trimestre de 2021, surpreendendo analistas. Não apenas a companhia reverteu seu prejuízo, que havia sido de R$5,93 bi no primeiro trimestre de 2020, como registrou seu melhor primeiro trimestre na história, com lucro líquido de 2 bilhões de reais no período. O resultado foi motivado principalmente graças a suas operações nos EUA, que registrou saltos superiores a 100% no seu EBITDA anual. No Brasil as operações foram comprometidas devido à alta no preço dos grãos utilizados como ração.

Radar do mercado

Para ficar de olho

  • Brasil

    : A semana é fraca em divulgação de dados macroeconômicos. Destaque para a divulgação do Boletim Focus na segunda-feira dia 17/05 e do fim da temporada de balanços.

  • Mundo: Na próxima semana serão divulgados números do mercado imobiliário americano.

Sobre o autor

Lucas Barroso

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