O peso dos impostos
O peso dos impostos
Resumo
- O peso dos impostos: Proposta de Biden pretende aumentar os impostos sobre ganhos de capital nos Estados Unidos;
- Segue o jogo: BCE mantém política monetária estimulativa para a Zona do Euro;
- A novela acabou: Orçamento é sancionado com vetos que preservam o teto de gastos;
- Destaques corporativos: O caminho da Petrobras sob nova direção, lucro bilionário da Usiminas e IPOs de 2021;
- Radar do mercado: temas e eventos para ficar de olho.
Estados Unidos
O peso dos impostos
Essa semana foi marcada pela Cúpula dos Líderes sobre o Clima, evento organizado pelo governo dos Estados Unidos e que antecede as discussões para a Conferência das Partes (COP26) que acontecerá em novembro deste ano.
Um fato importante do encontro virtual que reuniu líderes de mais de 40 países foi a postura dos Estados Unidos como protagonista sobre a questão climática, bem diferente da administração anterior. O presidente Biden, inclusive, apresentou metas ambiciosas do governo americano para a redução de emissões que contribuem para o aquecimento global. O objetivo, segundo o mandatário, é zerar esse índice em 2050.
Vale lembrar que o país é o segundo maior responsável pelas emissões globais ao lado da China.
Mas o mercado se preocupou mesmo com a possibilidade de um aumento de impostos sobre os ganhos de capital. A proposta do presidente Biden, que ainda não veio a público de forma oficial, tem o potencial de aumentar a carga tributária sobre esse tipo de renda de 20% para 39,6%, praticamente o dobro. Para quem tem renda superior a US$ 1 milhão, a alíquota tributária total pode chegar a 43%.
Lembrando que os ganhos de capital decorrem do lucro registrado sobre a venda de ativos, o que inclui ações e títulos de renda fixa. Ou seja, caso confirmado, o plano vai pesar no bolso dos investidores. Esses recursos devem ser direcionados pelo governo para financiar programas sociais no país visando a redução da desigualdade.
A notícia, claro, abateu o mercado. Os principais índices de ações do país fecharam a semana no negativo.
Zona do Euro
Segue o jogo
No Velho Continente, mais especificamente na Zona do Euro, nada de mudança na política monetária praticada pelo BCE (Banco Central Europeu). A taxa de juros permaneceu em zero e os programas de injeção de liquidez foram mantidos.
A presidenta da instituição, Christine Lagarde, declarou após a decisão que o cenário de curto prazo para a região permanece “nublado” por incertezas. Apesar disso, a expectativa do banco central é de uma forte recuperação em 2021 baseada no avanço da vacinação e consequente retomada da atividade.
Falando em atividade, o PMI de Alemanha, França e Zona do Euro veio melhor que a expectativa na leitura mais recente. O dado é uma espécie de termômetro das economias e mostra que, apesar das dificuldades, a região apresenta sinais de recuperação.
Mas não só de números econômicos e estímulo monetário vivem os europeus. No decorrer da semana houve a super polêmica em torno da Superliga Europeia, torneio paralelo que seria organizado por times da elite do continente. Tudo isso sem consultar jogadores e torcedores. Resultado: o projeto acabou antes mesmo de existir.
O fracasso foi ruim não só para a imagem dos clubes envolvidos, mas também para o banco americano JP Morgan (BDR: JPMC34), que investiu algo em torno de 3,5 bilhões de euros na ideia mirabolante. Não à toa as ações da companhia fecharam a semana com queda superior a 2%. Gol contra.
Brasil
A novela acabou
Após meses transitando entre a Câmara dos Deputados e o Ministério da Economia, o orçamento fiscal de 2021 foi finalmente aprovado nesta quinta-feira. Para que a aprovação pudesse ocorrer sem que o teto de gastos fosse ferido, o governo federal vetou mais de R$19 bilhões em dotações orçamentarias, além de impor um bloqueio administrativo impedindo a criação de novos cargos nos corpos de bombeiros e polícia militar do Distrito Federal, totalizando uma economia de cerca de R$29 bilhões. Dessa maneira o orçamento seria exequível sem incorrer em crime de responsabilidade fiscal.
Além da aprovação do orçamento fiscal de 2021, foram destaques no noticiário político o início da CPI da Covid-19 e a aprovação do STF da suspeição do juiz Sérgio Moro e a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que haviam anteriormente sido votadas pela segunda turma da corte. Apesar de politicamente importantes, o mercado não expressou reações a estas notícias.
Destaques corporativos
Sob nova direção, mas no mesmo caminho
O general Joaquim Silva e Luna tomou posse nesta segunda-feira da presidência da Petrobras (PETR3, PETR4), reafirmando que irá manter a política de paridade de preços dos combustíveis da companhia, embora demonstrando interesse em diminuir a volatilidade de preços no mercado nacional. O mercado reagiu bem ao pronunciamento, já que um dos principais medos dos acionistas era que o novo CEO da companhia adotasse uma política de intervenção de preços nos combustíveis, já que o antigo presidente, Roberto Castello Branco, havia sido afastado logo após um novo aumento nos preços do diesel e gasolina, visando manter a paridade com o mercado internacional.
A promoção dos IPOs continua: Mesmo que diversas companhias ainda tenham interesse em realizar a abertura de seu capital na bolsa de valores, a ideia de que os investidores estão cada vez mais seletivos parece ser confirmada dia após dia. Ao menos é o que parece indicar o IPO da hospitalar Mater Dei (MATD3) e da prestadora de serviços GPS Participações (GPSS3), que tiveram suas estréias com precificação abaixo do piso indicativo. A fila de IPOs para 2021 ainda é longa, mas é possível que muitas empresas acabem desistindo de oferecer suas ações devido à taxa de desconto cada vez maior exigida pelos investidores.
Lucro bilionário: A Usiminas (USIM5) divulgou seu balanço nesta sexta-feira, revertendo finalmente o prejuízo que vinha apresentando e entregando um lucro líquido de cerca de R$1,2 bilhão no primeiro trimestre de 2021. Apesar do bom resultado operacional, as expectativas do mercado eram ainda mais elevadas, fazendo com que as ações caíssem no último pregão da semana, realizando os lucros do pregão anterior.
Radar do mercado
Para ficar de olho
Brasil
: A semana tem a divulgação de importantes indicadores macroeconômicos, balanços corporativos e IPOs. Dentre os indicadores, destacam-se a divulgação do Caged (26/04), Ipca-15 (27/04), Índice de confiança do consumidor (28/04) e IGP-M (29/04). Os principais balanços divulgados serão de Vale (VALE3) em 26/04, Santander (SANB3, SANB4) em 28/04 e Petrobras (PETR3, PETR4) na quinta-feira 29/04. Destaques para o IPO de Caixa Seguridade (CXSE3) na quinta-feira 29/04 e Banco Modal (MODL11) no dia 30/04.
- Mundo: Os Estados Unidos serão destaque da agenda internacional na próxima semana. Além do resultado do PIB (1T/2021), ocorrerá a decisão de taxa de juros do Fed, o banco central americano.
Sobre o autor
Lucas Barroso
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